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Sete perguntas a Graça Martins

Sete perguntas a Graça Martins

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GRAÇA Martins nasceu em Vila do Conde, veio cedo viver para o Porto e hoje reside aqui ao lado em Esmoriz. É certo que na maior parte dos dias não está cá, mas a recordação do que viveu nas Avenidas Rodrigues de Freitas e Boavista, nas ruas da Alegria, Duque de Palmela e Miguel Bombarda, e no Passeio Alegre, entre outros tantos lugares (quantas vezes a passar rente ao oiro velho dos plátanos), puxa-a para estas bandas. Está, assim, com um pé lá e a alma cá. São os sulcos da memória que não pode apagar.

Por Paulo Moreira Lopes

1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
Nasci em Vila do Conde no dia 23 de Fevereiro nos anos cinquenta. Desde os três anos que resido no Porto.

2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
Actualmente resido em Esmoriz, Praia, numa Casa –Atelier de estilo  contemporâneo e projecto da arquitecta Ana Andreia de Bastos.  Mantenho a minha casa-atelier do Porto, situada perto da Baixa e do Jardim Paulo Vallada, pois a minha alma é do Porto. É lá que existem as minhas memórias e motivações artísticas. Nesta casa que mandei construir há dois anos, o espaço é relevante e a situação geográfica também, assim como a possibilidade de não estar dependente de automóveis para passear junto à praia ou ver o mar.

3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?
Devido à localização da casa dos meus pais, uma transversal da Av. Rodrigues de Freitas, frequentei a Escola Primária da Freguesia de Bonfim, o Liceu Rainha Santa Isabel, a Escola Artística de Soares dos Reis e a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Fui uma privilegiada por duas razões: A primeira: nunca precisei de transportes para chegar às aulas, era tudo demasiado perto. A casa dos pais estava muito bem situada. A segunda: O meu pai era o pintor Martins Lhano, sempre a realizar exposições em galerias notórias no panorama artístico português e portuense. Desde pequena que o meu mundo era o atelier do pai e os contactos com artistas plásticos e galerias do Porto. Lembro-me da Galeria Alvarez e do galerista Jaime Isidoro, que foi, mais tarde, o meu primeiro galerista, nas suas duas galerias, a Alvarez, na Av. da Boavista, perto da Casa da Música e a galeria Dois, na Rua da Alegria, com as primeiras exposições individuais.

4 – Habilitações literárias?
Licenciatura em Design/Artes Gráficas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Curso de Modelista/Estilista da Escola Ars Utória de Milão/Itália.

5 – Atividade profissional?
Leccionei a disciplina de Desenho em várias escolas do Porto, Escola Augusto Gil, Escola Dr. Augusto César Pires de Lima e Escola Secundária Artística de Soares dos Reis, todas na área da minha residência. A par da função lectiva sempre exerci actividade plástica e gráfica. Exposições constantes ao longo da minha carreira, no Porto, Lisboa e estrangeiro. Lembrar a importância da Coop. Árvore no Círculo das Artes Plásticas do Porto, onde obtive o 1º Prémio de Desenho na comemoração do Bicentenário da Invenção do Lápis, com patrocínio da Viarco, o meu desempenho como directora artística de uma galeria (galeria Símbolo) na famosa rua das galerias do Porto, a Rua de Miguel Bombarda e o contacto com escritores e poetas do Porto, colaborando em revistas de poesia. Eu própria fui, em conjunto com outros escritores e poetas, fundadora de algumas revistas de poesia que fazem parte da “História Literária do Porto, através das suas publicações periódicas” de Alfredo Ribeiro dos Santos, edições Afrontamento, 2009.

6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?
Viver no Porto desde criança e realizar os meus estudos nessa cidade foi a orientação do meu destino. Claro que ele já estava traçado pelo lado genético, mas, o contacto com a cidade e o relacionamento social artístico a que tive acesso foi a pedra de toque para toda a minha carreira. O Porto é uma cidade nostálgica, medieva, dramática e trágica. O seu peso granítico, as ruas estreitas, a neblina junto ao rio, lembra-me o Camilo Castelo Branco, a Agustina Bessa-Luís ou o poeta Eugénio de Andrade, que conheci em ambas as casas: a da Rua Duque de Palmela, perto da Faculdade de Belas Artes e do Jardim de S. Lázaro e a casa do Passeio Alegre, já na Fundação Eugénio de Andrade.

Devido às suas características geográficas, os habitantes do Porto revelam alguma melancolia e são reservados no seu relacionamento. Esse lado secreto sempre fez parte da minha motivação pictórica, assim como a luz e as suas nuances mais delicadas. Existem os plátanos, com as tonalidades outonais e as camélias tão variadas, assim como as magnólias. Esses elementos florais são registos inequívocos do Porto.

7 – Endereço na web/blogosfera para a podermos seguir?www.http://afiguraeoseuduplo.blogspot.com
www.http://euelaeaescrita.blogspot.com
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Publicado originalmente em 8 de Agosto de 2013

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