JOSÉ Barbedo nasceu na freguesia Cedofeita e tem residência na do Bonfim, ambas da cidade do Porto. É arquiteto urbanista, doutorado em engenharia civil na área de meio ambiente. Tem um curriculum geográfico muito extenso, quer como viajante, navegador e investigador. O que lhe permitiu contactar, ao longo do caminho já percorrido, com muitos exemplos de vida que contribuiram para resignificar o sentido da sua existência.
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade?
4 de Março de 1974, freguesia Cedofeita, Porto.
2 – Atual residência?
Bonfim, Porto.
3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – 2005/2007
Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto – 1992/1998
4 – Habilitações literárias?
Doutorado em Engenharia Civil – área de Meio Ambiente, no Instituto de pós-graduação e Pesquisa em Engenharia Alberto Luiz Coimbra (COPPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Mestrado em Planeamento do Ambiente Urbano (FEUP)
Mestrado em Arquitetura (FAUP)
5 – Atividade profissional?
Arquiteto Urbanista
6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?
Cada lugar existe em nós através do sentido que damos a nossas experiências. Sentido que nos indica o caminho a percorrer em busca do nosso próprio significado, de encontro ao processo de descoberta de nós mesmos. Mas o que nos permite resignificar esse sentido são os exemplos de vida que encontramos no caminho.
Realizei meu estágio profissional com Paulo Mendes da Rocha, em São Paulo entre 1996/7. O meu convívio diário com esse grande mestre teve uma influência determinante nos meus interesses intelectuais e estimulou a minha curiosidade pelo conhecimento concreto do território, da geografia, do tempo que demora a percorrer os sertões do Rio São Francisco ou atravessar as águas do Oceano Atlântico, de explorar as relações deste conhecimento prático com a história dos homens, de procurar compreender suas tragédias e mesmo assim, não desistir nunca de apontar outros caminhos possíveis.
Sempre entendi a minha formação como um processo de aventura e descoberta. O meu fascínio pela arquitetura cresceu através das minhas viagens, do gosto por conhecer novas cidades e nossa natureza humana. Desde os primeiros anos na Escola do Porto, preenchia as férias nas minhas expedições, desde os confins da Grécia até às florestas da Lapónia. Quando conclui o curso, fui para a Índia onde permaneci entre Setembro de 1998 e Março de 1999. De regresso ao Porto, entre 2000/6 trabalhei na empresa MBS arquitetura Lda, que fundei juntamente com os meus amigos arquitetos Nuno Sottomayor e Francisco Mourão.
Em 2006/7 fui contratado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, na qualidade de Técnico de Planeamento Municipal, para o Projeto de Descentralização e Governança Local em Angola. Após este período visitei vários países da África Sub-Sahariana, entre os quais Moçambique, Ruanda, Cabo Verde, Guiné Bissau e África do Sul. Em 2008 fui contratado como Urbanista pela empresa WSP International Sweden, para trabalhar no Projeto de Planeamento de 3ª Geração no Noroeste da Líbia, na qualidade de urbanista. No âmbito deste projeto coordenei a equipe do Plano Diretor de Tripoli em 2009.
Em 2011, recebi uma “Visiting Fellowship” da Universidade de Birmingham, onde inicei o meu doutoramento. Entre 2012/4, recebi uma bolsa da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Educação Superior (CAPPES), do Ministério da Educação do Brasil, que me permitiu sediar a pesquisa na área do meu caso de estudo, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 2014, recebi uma distinção com a atribuição de uma “Bolsa Nota 10”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ), que financiou a minha pesquisa de doutoramento até à sua conclusão, em Abril de 2016.
O meu passaporte Brasileiro diz que eu sou um brasileiro nato. Estranha convenção essa que determina que um português nascido no Porto seja um brasileiro nato. Mas então nato quer dizer aqui talvez, natural desse lugar de afetos que me fez luso-brasileiro.
7 – Endereço na web/blogosfera para o podermos seguir?
Excelente artigo, “A crise da política brasileira e a pesca do bacalhau” uma visão ampla e imparcial, porém muito cuidadosa das questões polítrica e econômica do Brasil. Causa-me surpresa de forma até certo ponto agradável a analogia a última posta do bacalhau, onde espera-se que quanto mais cedo a reviravolta do poder aconteça, com a retomada breve do posto da presidente afastada para que restabeleça a tão jovem democracia. O estado de direito democrático neste momento corre sério risco de se transformar em um estado de exerção, seria um erro fatal enaltecer esta possibilidade, seria desastroso desfazer as conquistas sociais realizadas.