PEDRO Seabra é estudante de psicologia e vive em Vilela, Paredes. Tem um livro publicado e uma mão cheia de poemas em algumas revistas. Confessa que estando desde muito cedo exposto à música (Banda Filarmónica de Vilela), desenvolveu-se nele uma atração e fascínio não só pela música, mas também pela arte em geral. Acha que esse foi um dos fatores, entre outros, que o levaram a procurar a poesia como forma de se expressar artisticamente. Não é de estranhar, por isso, que Vilela e os seus habitantes sejam temas recorrentes nos seus poemas, contos e histórias de fantasia.
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
1 de setembro de 1997. Vilela, concelho de Paredes.
2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
Vilela, Paredes.
3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?
Escola Básica do Calvário, EB 2/3 de Cristelo e Escola Básica e Secundária de Vilela.
4 – Formação académica?
Atualmente, apenas possuo o 12º ano. No entanto, espero concluir nos próximos anos o Mestrado Integrado em Psicologia na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, mas, por enquanto, tenho a inscrição anulada por um motivo de força maior.
5 – Atividade profissional?
Estudante.
6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?[1]
Em Vilela vemos pequenos montes, campos, matas e quintais em contraste com as muitas fábricas da indústria do mobiliário. Os cantos dos pássaros ouvem-se de manhã à noite. No entanto, durante o dia, o ruído da indústria é constante na zona onde moro, assemelhando-se a um zumbido. No silêncio das ruas pouco movimentadas, os sons aparentam ficar misturados e acredito que isso contribui para a permanência de uma certa ameaça de corrupção, isto é, um medo, sem dúvida excessivo, de ver toda a calma rural e natural ser engolida pela indústria. E acredito que isso pode ser encontrado em alguns dos meus poemas, nos quais podemos sentir uma preocupação com a voz individual e pura, e o medo de a ver abafada pelo artificial e pela civilização. Mas tudo isto são, no fundo, apenas pequenos devaneios.
A música certamente também desempenhou um papel importante na criação daquilo que sou agora. Encontro nas minhas memórias mais antigas as festividades nas quais atuava a Banda de Vilela. Vários membros da minha família, incluindo o meu irmão mais velho, são músicos que começaram precisamente na banda. Estando desde que me lembro exposto à música, desenvolveu-se assim uma atração e fascínio não só por ela mas também pela arte em geral, e acho que esse foi um dos fatores que me levaram a procurar a poesia como forma de me expressar artisticamente.
Apesar de ser algo comum, não deixo de mencionar que Vilela é uma terra de gente religiosa (católica) e, aliás, as raízes mais profundas de Vilela possuem a forma de um mosteiro mais velho que o próprio país, o Mosteiro de Santo Estêvão. A religião esteve muito presente na minha infância, mas, talvez, paradoxalmente, é por isso mesmo que mais tarde eu migrei quase para a ponta oposta do espetro. Mas apesar de ter dias em que me sinto um completo ateu, creio que sou na verdade agnóstico. Essa característica é refletida na minha poesia, local onde por vezes me dedico a procurar inutilmente o transcendente e a tentar descobrir (ou redescobrir) um sentido religioso fora da religião. Porém, caio facilmente na frustração, pois encontro demasiados obstáculos (sendo um deles a minha ignorância e outro o meu lado excessivamente racional).
Por fim, é evidente que Vilela e as suas pessoas influenciam consideravelmente aquilo que escrevo (ou tento escrever) nos meus contos e histórias de fantasia, desde as descrições das terras e das suas tradições aos modos e hábitos dos personagens e as expressões e o vocabulário usados por eles.
7 – Endereço na web/blogosfera para o podermos seguir?
Não possuo blogs nem sou adepto das redes sociais.
[1] A pergunta pressupõe a defesa da teoria do Possibilismo (Geografia Regional ou Determinismo mitigado) de Vidal de La Blache, depois seguida em Portugal por Orlando Ribeiro, segundo a qual o meio (paisagem, rios, montanhas, planície, cidade e, acrescentamos nós, linguagem, sotaque, festividades, religião, história) influencia as opções profissionais e artísticas dos naturais desse lugar.