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Rui Reininho (1955)

Rui Reininho (1955)

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11.
CAIS

Quando um barco tem pés para nadar
as ondas só vêm chatear
Lá do fundo do mar imundo imenso sais
Oh! Neptuno e as tuas sereias sensuais
e vendes o cais

Quando o barco se está para afundar
E só esses ratos não o quiserem abandonar
Quando a maré negra chegar
E não houver ninguém para o crude limpar

Se o pescado morre ao lado
se ainda se ama o mar salgado
então é ver no cinema se ainda há
lodo no cais
se o mercado impera e somos
todos iguais
muito cuidado quando escorregas
sempre cais
se o mercado emperra
e vais sempre longe demais demais
atenção cuidado voltas ao cais

10.
HOMENS TEMPORARIAMENTE SÓS

Prometo não falar de amor de gostar e sentir
Portanto não vou rimar com dor um mentir
Joga-se pelo prazer de jogar e até perder
Invadem-se espaços trocam-se beijos sem escolher
Homens temporariamente sós
Que cabeças no ar
Não retratos de solidão interior
Não há qualquer tragédia
Mas um vinho a beber
Partidas regressos conquistas a fazer
Tudo anotado numa memória que quer esquecer
Homens sempre sós preferem perder
Homens sempre sós são bolas de ténis no ar
Muito abatidos saltam e acabam por enganar
Homens sempre sós nunca conseguem casar 

9.
SALIVA

Eu quero casar contigo amanhã
Abre os olhos vem comigo, diz: Parar

Vamos gastar muita saliva
Mergulhar e ver-te flutuar
Eu quero ver-te a afundar
Para depois te salvar
Eu quero lutar contigo devagar
Da-me os braços vem comigo expirar

Vamos selar com a nossa saliva
Pensar que fosses tu também amiga
E vou usar a tua saliva
Poupá-la da ma língua da intriga

Eu quero ver-te a afundar
e vou tentar-te salvar

Vamos gastar muita saliva
Lamber as feridas e limpar o mundo
Quero levar-te a vida
Mergulhar e ver-te ir ao fundo
Vamos gastar muita saliva
Orgulhar-me de ser teu fiel defunto
Quero usar saliva
Selar a carta e mudar de assunto
Ficar a ver-te fumar para depois te apagar

8.
Felizmente que a noite sai
Ainda bem que há névoa por ai 

7.
Asas servem para voar,
Para sonhar, ou para planar
Visitar, espreitar, espiar,
Mil casas do ar. 

6.
Quando o mar tem pés p’ra andar
E as ondas só vêm chatear 

5.
Faz impressão o trabalho que se tem em se ser superficial 

4.
50-60-70-80-90-À HORA
90 à década vamos embora vamos embora! 

3.
Há um lixo novo pra limpar ao nascer
Um grito surdo que tentam calar 

2.
UM DESEJO CHAMADO ELÉCTRICO

Ter uma irmã uma companhia real ou fantasia
Alguém como eu e tão diferente como quem rasga um véu 

1.
O PACIENTE

Receito-lhe o mar e o campo enfim que pare de beber
isso de ver baratas tamanhas e outros insectos a mexer… 

Rui Manuel Reininho Braga (Porto, 28 de Fevereiro de 1955) é um músico português. É vocalista da banda pop-rock GNR (Grupo Novo Rock) e tirou o curso de Cinema da Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa.

Grava em 1977, com Jorge Lima Barreto, no projecto Anar Band. Cria ou colabora nos projectos musicais Espelho e Atitudes.

Em 1981 tornou-se vocalista dos GNR, e depois, o seu principal mentor e figura mais destacada. Com os GNR, Rui Reininho criou uma série de canções que são o espelho de uma geração da juventude que cresceu e se tornou adulta a ouvi-los e a admirá-los ao longo de 30 anos: Dunas, Efectivamente, Bellevue, Pós-Modernos, Vídeo Maria, Pronúncia do Norte, Ana Lee ou Morte ao Sol. Efectuou mais de mil espetáculos na Europa, Brasil, EUA, Canadá e Macau. Obteve prémios Jornal Sete, Blitz e Nova Era.

Produziu discos dos artistas: Manuela Moura Guedes, Mler Ife Dada, Três Tristes Tigres e Spray.

É autor dos livros Sífilis versus Bilitis pela ”’& etc”’ e Líricas Come on & Ana, publicado pela Palavra, onde reúne poemas e letras de canções. Sobre as letras dos GNR, há duas publicações, a biografia dos GNR Afectivamente (Assírio & Alvim) e o livro As letras como poesia (Objecto Cardíaco e Afrontamento) de Vitorino Almeida Ventura.

Em 2005 foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural do Estado Português.

Em 2008 lançou o seu primeiro álbum a solo Companhia das Índias.

Tem colaborado assiduidamente com o músico Armando Teixeira em várias compilações e num longa duração a editar em breve.

Colaborou com os semanários Expresso, Mais Semanário e GQ, na revista Net Parque 98 e no Jornal de Notícias. Trabalhou como actor e criou música para teatro e cinema. Lecionou a disciplina de Música de Cinema na Universidade Moderna de Lisboa e a disciplina de Som e Imagem na Universidade Católica do Porto. É sócio activo do movimento rotário.

Sito in http://pt.wikipedia.org/

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