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Caxineiros não querem prédio junto à igreja

Caxineiros não querem prédio junto à igreja

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UM grupo de caxineiros e cidadãos de Vila do Conde decidiu avançar com um abaixo-assinado dirigido aos órgãos municipais, mostrando descontentamento com a solução encontrada para o problema urbanístico junto à Igreja dos Navegantes. Os subscritores consideram que o afastamento do prédio é insuficiente. O documento vai ser entregue a Mário de Almeida, presidente da Assembleia Municipal de Vila do Conde. Falamos com dois membros do grupo que está a promover o abaixo-assinado, que são unânimes a transmitir que a população não quer nenhum prédio junto à Igreja do Senhor dos Navegantes

Depois de revelar que o grupo é muito heterogéneo mas tem em comum a opinião de que a solução encontrada não é aceitável, Abel Coentrão afirmou: “no mínimo o afastamento teria de ser de 16 metros, mas sendo uma Igreja esse afastamento teria obrigatoriamente de ser maior. O processo de licenciamento do prédio devia ter sido analisado com olhos políticos, e não tanto técnicos. O próprio Plano Pólis tinha outros projectos para aquele local. Nunca fui fã da estética da igreja, mas nada que me impeça reconhecer a importância que o templo tem para a minha comunidade. Por isso, defendo esta causa com unhas e dentes. Não podemos esquecer o impacto que esta situação pode ter na economia local. A autarquia não deve funcionar como um promotor imobiliário”. E concluiu: “nós defendemos o que anda na cabeça do povo que é tão simples quanto não construir ali nada. O ideal era arranjarem outro local para a construção do prédio. Agora essa questão deve ser trabalhada pelas partes, autarquia e empreiteiro, sem nunca esquecer que é uma decisão para muitos anos”.

Moisés Sampaio esclarece que a sua posição é sobretudo de responsabilidade social: “mais tijolo menos tijolo não é o que me preocupa. O que me preocupa é o desrespeito pelo povo caxineiro. O que defendo é a integridade da igreja, assim como da nossa honra e memória colectiva. Não se trata de um problema de hoje, mas sim para o futuro. O templo é para nós um monumento vivo e de grande sentimento. Não queremos um remedeio. Se houvesse vontade politica e se fosse noutras zonas do município, acredito que se resolveria de outra forma. O que a população revindica é a não construção do edifício. Isto ultrapassa os limites da razoabilidade. Alguém tem de se responsabilizar pelo escarro que ali vai ficar. Do que sei, a paróquia não foi ouvida ou achada no que toca à possibilidade de o terreno ficar na sua posse”.  E acrescentou: “se houvesse eleições autárquicas haveria um boicote eleitoral nas Caxinas. Continuamos a defender a eliminação da construção do edifício. Para que isso aconteça, devem ser colocadas em cima da mesa permutas com o dono de obra, para que ninguém saia prejudicado. Era minimizar o erro de alguns, em benefício de todos. Se a obra avançar, espero que, futuramente, os moradores do prédio não queiram calar os sinos para poder dormir descansados”.

Publicado in A VOZ DA PÓVOA

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