Vivo nas divisões de uma floresta
no 2º esquerdo,
feita de clareiras e de soalhos secos.
Tem árvores feitas adossadas às periferias,
ocadas e com peles substitutas:
na lisura dos afagos do verniz,
ceras e pinturas.
Tenho para remissão da secura,
terrenos envasados,
partículas de floresta de companhia.
Têm coração no pulsar da seiva,
e na troca frágil da respiração,
sobrevivem entre regas
de torneira.
Guardo em compartimentos
algumas paisagens,
nervuras de letras em fragmentos de tempo.
E tenho paisagens brancas como esta,
interiores de árvores feitos em lâminas,
onde hoje escrevo:
floresta.
Novembro 2019
Poema e postal de Óscar Possacos que vive em Paredes, Portugal, para a IV CONVOCATÓRIA de Arte Postal.