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Júlio Roldão (1953)

Júlio Roldão (1953)

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Celebro a Europa e todo o Mundo. Toda a Europa, mesmo estando mais ligado à do Sul, a Portugal, onde nasci e nasceram os meus filhos, a Espanha onde os meus netos mais velhos, o Adri e o Tiago (filhos de mãe espanhola) nasceram e a Itália onde nasceu o meu neto mais novo, o Leonardo (filho de mãe italiana). 

10.
Hoje atirei uns bons dias
ao homem desconhecido
que encontro pela manhã
sentado numa soleira
da Rua do Bonjardim.

Sempre a olhar para o chão
nem sequer olhou p’ra mim.
Se eu pintasse como o Hopper,
fazia dele modelo
da mais dura solidão. 

9. Viajo à roda do meu quarto, aqui, na portuense Rua do Bonjardim, em confinamento social, sem sequer me aventurar ao vizinho Alto da Fontinha de onde é possível ver o mar. Viajo assim e vou roubando cenários, como este pormenor de uma ilustração de Nathan Asplund, hoje publicada na edição Internacional do NY Times. Até na gravura as ruas estão desertas, como impõe o combate à pandemia. 

8. Estou a ficar velho. Ontem, até fiquei preso à televisão a ver o concurso que Vasco Palmeirim apresenta na RTP 1. A ver esse tal concurso chamado “joker” e a resmungar alto… Ontem até citei uma frase desse sábio da Renascença que foi Abel Salazar – “O médico que só sabe Medicina nem Medicina sabe”. 

7. Há 37 anos estava na Catalunha, em Sitges. Estava a reportar o Festival Internacional de Teatro de Sitges que nesse ano de 1982 atribuiu ao Homo Dramaticus de Alberto Adellach, na encenação de Adolfo Gutkin para o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), a menção honrosa de melhor texto político. Foi em Outubro. 

6. Às vezes ponho-me a olhar para ontem e para Sul, como se tivesse saudades do calor, capto o momento, reciclando riscos, e volto para as minhas rotinas de Inverno, sem grandes adjectivos. Como se tivesse saudades do calor e como se estivesse a fazer prova de vida. Está a chegar a noite do dia. 

5. Estou já a pensar no caso do Natal. Até o Círculo de Leitores publica uma revista com promoções natalícias. Eu, este ano, nostálgico do tempo em que fui escritor fantasma, estou tentado a editar, numa modesta edição de autor, um livrinho, com pés e cabeças, para oferecer aos amigos. 

4. Estou a pensar quantas vezes terei ido a Fátima reportar, para o Jornal de Notícias, as peregrinações de Maio, de Agosto (dita dos emigrantes) e de Outubro. 

3. Estou a pensar que foi uma recente leitura de uma crónica de António Lobo Antunes – “Os Vivos e os Mortos” na revista Visão – o que me levou a publicar, na secção de necrologia do JN, esta memória, em forma poética, do meu pai, 

2. Estou a pensar numa batata que descasquei há dias. Estava sempre a olhar para baixo, com a posição corporal de quem evita enfrentar os outros de frente. 

1. Estou a pensar nestes dias, ditos das Bruxas, dos Fantasmas e de outros profissionais, um tempo também conhecido por Halloween, palavra inglesa que terá nascido da contração da expressão escocesa All Hallows’ Eve (véspera do dia de todos os Santos, em tradução livre), 

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