PRIMEIRAMENTE, uma explicação a respeito da grafia do título: ainda que se aceite também “Nihombashi”, os japoneses tendem a escrever com um “n” antes do “b”; contrariando, portanto, as normas da Língua Portuguesa. Quanto ao significado da palavra, esta é originada através de um processo de aglutinação entre os vocábulos “Nihon” (que significa “Japão”) e “hashi” (cujo significado é “ponte” e que se torna “bashi” quando realizada a junção). Ou seja: a “Ponte do Japão”. E, de fato, não poderia haver uma expressão mais apropriada para denominar essa construção que, localizada no centro de Tóquio, é uma das grandes atrações turísticas do país.
E agora vamos ao seu histórico: a ponte, que liga as duas margens do rio com o mesmo nome, foi erguida, pela primeira vez, no século XVII ― sendo que a atual versão data de 1911. Com o tempo, deu origem ao bairro de Nihonbashi, que se tornou um importante ponto comercial do Japão. Tanto que foi lá que surgiu a primeira loja de departamentos de Tóquio: a Mitsukoshi; que mantém até hoje a prosperidade do bairro.
No entanto, nem sempre houve bons ventos para Nihonbashi. Durante a Segunda Guerra, por exemplo, o bairro sofreu um pesado bombardeio aéreo durante dois dias: marcas de um massacre que se encontram até hoje nos prédios mais antigos, como uma forma de reverenciar a capacidade de resistência do povo japonês.
Penso até que foi exatamente esse sofrimento que fez com que Nihonbashi, renascendo das cinzas, tivesse ainda mais vigor; tornando-se, pois, um ponto obrigatório de visita a quem deseja testemunhar essa força que, diariamente, move o povo japonês rumo ao progresso. Uma força que, aliás, inspira também a muitos estrangeiros que, como eu, trabalham próximo à localidade.
Mas, para além dessa energia inspiradora, Nihonbashi também me atrai pelos muitos restaurantes internacionais existentes. Assim, posso almoçar em um restaurante francês ou italiano e jantar apreciando a culinária japonesa ou chinesa. Fazendo, desse modo, em um mesmo dia e sem pagar caro, uma linda integração entre o Ocidente e o Oriente.
Uma integração que começa a caracterizar não somente Nihonbashi, mas também a criar um “novo Japão”. E, sendo um dos muitos estrangeiros aqui residentes, confesso que me alegra testemunhar, diariamente, que a ponte de Nihonbashi ― a “Ponte do Japão” ― vem simbolizando, cada vez mais, a comunhão entre povos e culturas diferentes. É a Terra do Sol Nascente dizendo ao mundo e, claro, aos próprios japoneses: “Venham: dispam-se de toda forma de preconceito e atravessem a ponte para saber o que há na outra margem ― sem medo de conhecer novos mundos que, juntos… ah, fazem a vida tão mais interessante!
SOBRE O AUTOR: EDWEINE LOUREIRO nasceu em Manaus (Amazonas-Brasil) em 20 de setembro de 1975. É advogado e professor de idiomas, residindo no Japão desde 2001. Premiado em concursos literários no Brasil e em Portugal, é autor dos livros “Sonhador Sim Senhor!” (2000), “Clandestinos” (2011), “Em Curto Espaço” (2012), “No mínimo, o Infinito” (2013) e “Filho da Floresta (2015), os dois últimos vencedores, respectivamente, dos Prêmios Orígenes Lessa e Vicente de Carvalho da União Brasileira de Escritores – RJ (UBE-RJ), em 2016. E, em setembro de 2017, seu livro, ainda inédito, “Crônicas de um Japão Caboclo” obteve, também pela UBE-RJ, o Prêmio Alejandro Cabassa. Foi também um dos autores premiados no Concurso de Poesia Agostinho Gomes, em Portugal, em 2017. Página para contato: https://www.facebook.com/edweine.loureiro
Achei super interessante este artigo. Aos poucos vamos conhecendo através dos escritos, a vida e a cultura japonesa.
Obrigada por compartilhar.
Maura Soares, de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
Obrigado, Maura, por essas palavras. Fico feliz! Saudações cordiais do Japão. Edweine Loureiro