POR aqui tudo se sabe. É um meio pequeno, todos se conhecem, daí ser muito difícil ocultar atos e omissões contraditórios com a imagem pública cultivada e podada ao longo do tempo. Foi o que aconteceu com o autor-editor-criador (não esquecer os hífens), António da Silva Oliveira, (também conhecido por A. Dasilva O.) apanhado em flagrante no aeroporto do Porto vindo da Feria Internacional del Libro de Guadalajara.
Por Paulo Moreira Lopes
Chegou notícia ao Correio do Porto, por fonte fidedigna e com relatório fotográfico em anexo, que o promotor das Conferências do Inferno e dos Encontros com o Maldito, tinha sido visto na Feria Internacional del Libro de Guadalajara. Pode confirmar?
A pés juntos.
A ser assim, não nos resta alternativa senão questioná-lo sobre tão marcante acontecimento cultural do mundo Ibero-Americano. Como chegou a Guadalajara?
Como não sei voar fui na Sagres, metade a pé outro tanto a snifar.
Fizeram escala em que cidade?
Na Veneza Cubana, Guantánamo.
Com quem ficou no quarto de hotel?
Estive na suite presidenciall, com a ministra da cultura.
Consta que viram o António Lobo Antunes a entrar para o quarto do Pessoa. É verdade?
Eu vi-o a entrar no buraco do ozono.
Lido o programa do dia 24 de novembro até ao dia 2 de dezembro, não conseguimos vê-lo em nenhuma das iniciativas da comitiva portuguesa, nem como entrevistado, orador ou moderador. Havia um programa alternativo ou só foi para passear?
Foi só turismo sexuall.
Conseguiu vender algum exemplar da revista Piolho?
Todos os exemplares a troco de sexo.
E da Estúpida?
A Estúpida ficou a acompanhar a ministra da cultura, não sou estúpido.
O que achou do machismo e da misoginia mostrados por António Lobo Antunes na conversa que teve com a escritora colombiana, Laura Restrepo?
Acho bem, é um Grande Pessoasno.
E quanto a si, também proferiu piropos durante a feira?
Só para atrair sexo oposto.
Do que viu, a ministra Graça Fonseca já se tinha esquecido das touradas?
Só a vi nos tele-jornais.
Que jornais lia a ministra da cultura, além do JN e do Público?
O Seringador.
No seu entender, os autores portugueses estiveram à altura das expectativas dos visitantes?
Foi um grande coro.
Quem acha que faltou na comitiva?
Quem não foi, mas alguns enviaram por email comprovativo médico.
Considerado por muitos como o último poeta maldito ou legítimo herdeiro de Luiz Pacheco, como explica esta sua passagem, se bem que temporária, para o lado mais espetacular da literatura?
Não mereço tal semelhança, nem herança e nem lambo «ben(ma)galas».
Gostava de ser como o José Luís Peixoto, que só este ano foi à feira do livro de Deli, na Índia, depois passou pela Colômbia, esteve no Brasil, Japão, Indonésia, China, Espanha, França e várias partes de Portugal?
É triste estar em tanta feira e não conseguir ser vendido. É uma injustiça, o José é uma excelente Pessoa. Fica bem em qualquer biblioteca.
Como pensa rentabilizar os conhecimentos adquiridos durante o festival?
Distribui-los por instituições de caridade, montepio, caixa geral de depósitos e correio da manhã.
Qual a reacção dos seus amigos a esta promoção cultural que o Estado Português lhe fez?
Que me vendi à(o) capitall.
Já pensa na próxima viagem cultural à conta do erário público?
Não penso noutra coisa.