1.
Como é cega a água, e tão carente de memória.
Francisco Duarte Mangas in A fenda no cavalo, Editorial Teorema, janeiro de 1999, pág. 132
2.
água
que agrada
não molha.
3.
Águas bondosas
não chovem nos ninhos.
Por João Pedro Mésseder e Francisco Duarte Mangas, in Breviário da Água, Editorial Caminho, 2004, página 47.
4.
Água mole em pedra dura
até dá vontade de beber.
Por João Pedro Mésseder e Francisco Duarte Mangas, in Breviário da Água, Editorial Caminho, 2004, página 48.
5.
o silêncio da água
abriga-se na raiz dos plátanos
Por Francisco Duarte Mangas, in A fome apátrida das aves, Modo de ler, página 153.
6.
É um suspiro a água –
ergue-se
como os lentíssimos lábios do amor
descem pelas espáduas.
Por Eugénio de Andrade, in Ao Porto, Colectânea de Poesia sobre o Porto, organização de Adosinda Providência Torgal e Madalena Torgal Ferreira, Publicações Dom Quixote, 2001, página 113.
7.
A água diante de mim ondula como véu diáfono, só frescura e transparência, só poeira verde que desmaia toda arrepiada.
Por Raul Brandão, in Os Pescadores, Estante Editora, 2.ª edição, agosto de 2010, página 38.
8.
Mas o que tem para mim um grande encanto são os sítios da ria, onde a água cismática encharca, embebida no céu e reflectindo meia dúzia de ervas e dois barcos encalhados. Água esquecida ou pedaço de céu translúcido?…
Por Raul Brandão, in Os Pescadores, Estante Editora, 2.ª edição, agosto de 2010, página 80.
9.
As sílabas
da sede
Por João Pedro Mésseder, in Elucidário de Youkali seguido de Ordem Alfabética, Editorial Caminho, janeiro de 2006, página 69.
10.
No escuro, o brilho da água que corre não se vê, apenas se ouve.
Por João Pedro Mésseder, in Abrasivas, Deriva Editores, 2005, página 39.
11.
grande alma tem a água
Por Francisco Duarte Mangas in A rapariga dos lábios azuis, Quetzal Editores, 2011, página 84.
A ÁGUA
A água serve
para lavar tudo
Serve para lavar
a rua
o carro
a roupa
a louça
os legumes
a fruta
…
e a faca
ensanguentada
A água serve
para lavar tudo
exceto a culpa
que te persegue
PML
