1.
COLCHÃO DEITADO AO LIXO
Pelas deformações visíveis à superfície
é possível adivinhar um ror de posições
que os amantes foram adotando
enquanto faziam amor
PML
inspirado no poema anónimo da Índia do Sec. V., publicado in Rosa do Mundo, Assírio & Alvim, 3.ª edição, página 534 e in Os cinquenta poemas do amor furtivo e outros poemas eróticos da Índia antiga, Assírio & Alvim, página 90, tradução de Jorge Sousa Braga
2.
brotam folhas novas
do colchão
deixado na casa em ruínas
por Matsuo Bashô in O eremita viajante [haikus – obra completa], organização e versão portuguesa de Joaquim M. Palma, Assírio & Alvim, 2016, página 169
NOTA DE JOAQUIM M. PALMA: Bashô escreveu este poema a pedido de Shikin, que lhe apresentara a pintura de uma casa em ruínas. O poeta também se preparava para deixar definitivamente a sua própria casa. (página 344)
SENTENÇAS LEBRES
1.
Quem dorme num colchão com memória nunca esquece o que sonhou.
2.
Na noite em que viramos o colchão do avesso, o rebanho dos sonhos anda tresmalhado.
PML