1.
MANHÃ
colhi dióspiros
tenho as mãos
cheias de sol
Francisco Duarte Mangas in Facebook
2.
Há frutos que é preciso
acariciar
com os dedos com
a língua
e só depois
muito depois
se deixam morder
Jorge Sousa Braga in O poeta nu (O segredo da púrpura), Assírio & Alvim, 2.ª edição, abril de 2014, pag. 153
3.
os dióspiros acendem
a manhã de outono
em s. pedro do sul
na aldeia do paraíso.
nem uma folha
só os frutos,
agasalho de lume.
Por Francisco Duarte Mangas, in A fome apátrida das aves, Modo de ler, página 228.
4.
Depois do almoço
quando arrastamos a cadeira
um pouco para trás
uma sonolência morna
entrelaçada de luz
entra pelas janelas
ludibria as cortinas
e difusa poisa no vinho.
É nessa altura que dizemos:
vou comer este dióspiro
antes que apodreça.
Por Daniel Maia-Pinto Rodrigues in: (antologia e livro de estudo) Luís Carmelo – A Novíssima Poesia Portuguesa e a Experiência Estética Contemporânea Biblioteca Universitária ed: Publicações Europa-América