1.
Ao domingo, o cansaço não tem nome. É por isso o dia mais cruel.
Por João Pedro Mésseder, in Abrasivas, Deriva Editores, Novembro de 2005, página 17.
2.
ao domingo a morte toma o seu catre
Por João Manuel Ribeiro in A circulação precoce dos relâmpagos, Cosmorama Edições, 2007, página 45.
3.
Domingo à noite,
Sou um afortunado por ter toda esta vodca,
uma oferta da Stolichnaya.
E livros. E o rádio
a passar WSM a partir de Nashville.
Quatro novos cachorros no quarto.
A casa ressona. Dói-me o dente.
Está na hora de fritar um ovo.
Jim Harisson in Que os teus cães mortos não te encontrem no paraíso, Cutelo Edições, novembro 2022, página 24, tradução de Pedro Magalhães
4.
O jornal numa mão
a regueifa na outra
e no olhar
toda a felicidade
da manhã
por PML
5.
PARA COMER DEPOIS
Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta,
a campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:
“Eh bobagem!”
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país de memórias e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.
Adélia Prado in Reunião de Poesia, edições BestBolso, Rio de Janeiro 2020, página 38