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Gazela

Gazela

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1.
(à Gazella Dorcas)

Mágico ser: onde encontrar quem colha
duas palavras numa rima igual
a essa que pulsa em ti como um sinal?
De tua fronte se erguem lira e folha

e tudo o que és se move em similar
canto de amor cujas palavras, quais
pétalas, vão caindo sobre o olhar
de quem fechou os olhos, sem ler mais,

para te ver: no alerta dos sentidos,
em cada perna os saltos reprimidos
sem disparar, enquanto só a fronte

a prumo, prestes, pára: assim, na fonte,
a banhista que um frêmito assustasse:
a chispa de água no voltear da face.

por Rainer Maria Rilke traduzido por Augusto Campos, in Coisas e anjos de Rilke. São Paulo: Perspectiva

*

2.
A GAZELA

Que encanto! Como podem duas palavras
atingir a harmonia da rima,
que pulsa em ti a cada movimento.
Folhas e lira crescem por cima

de ti, pura metáfora em canções
de amor, cujas palavras leves como
pétalas de rosa, repousam sobre o rosto
de alguém que cerra os olhos, para assim

te poder ver. Como se cada perna fosse
uma arma carregada de saltos, pronta
a disparar, esticas o pescoço, os olhos vigilantes,
como uma rapariga que ao tomar banho
no bosque, ao ser interrompida, de súbito
voltasse a cabeça, na lagoa reflectida.

por Rainer Maria Rilke traduzido por Jorge Sousa Braga in Animal Animal, Assírio & Alvim, fevereiro 2005, página 98

*

3.
(Gazzela Dorcas)

Encantada: como poderá a harmonia de duas palavras soar
de modo a alguma vez rimar,
essa que a ti vem e vai, procurando um sinal.
Da tua fronte se erguem folhas e lira de beleza tal,

e tudo o que é teu entra ao se comparar
na travessia de canções de amor, cujas palavras suaves ao brotar
como pétalas de rosa, sobre os olhos de quem deixou de ler a cair,
olhos que ele, assim, deixou de abrir:

para te ver: tensa, como se cada corrida
de saltos carregada parecesse
e ainda não tivesse disparado, enquanto o pescoço cheio de vida

a cabeça mantém em escuta: como quando no rio
da floresta a banhista fica suspensa e aparece:
com o lago da floresta no rosto voltado e frio.

por Rainer Maria Rilke traduzido por Teresa Dias Furtado in Novos Poemas, Assírio & Alvim, fevereiro de 2023

4.
Gesto assombroso do vento.

Por João Pedro Mésseder, in Elucidário de Youkali seguido de Ordem Alfabética, Editorial Caminho, janeiro de 2006, página 36.

5.
GAZELA DE DAMA

Nasceu no jardim zoológico
uma das mais raras espécies de gazela

A cria tem dias de vida e está
em perfeito estado de saúde

O único receio do tratador
é que agora apareça um poeta

e a cative num poema de amor

PML

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