1.
A própria palavra «glicínia», pronunciada em voz alta, povoada de singulares harmonias a boca cansada das palavras pobres e gastas de cada dia, os is repetindo-se longamente, como ecos, as consoantes demorando-se líquida e aveludadamente entre a língua e o palato, o a da última sílaba esvaindo-se num sopro através dos lábios entreabertos.
Por Manuel António Pina, in Ouvir (crónica) publicada originalmente na revista Visão de 06-11-2003
2.
GLICÍNIAS
Não se veem ramos nem
folhas apenas cachos de
flores brancas ou lilás
suspensas no azul das
manhãs
Jorge Sousa Braga in Porto de abrigo, Assírio & Alvim, novembro 2005, página 26