1.
Porta que os homens destinaram ao sol, quando abandonaram a vida nómada.
Por Francisco Duarte Mangas e João Pedro Mésseder, in Breviário do Sol, Editorial Caminho, Janeiro de 2002, página 65.
2.
Ardem as janelas da Praia Nova e navego numa solução de sulfato com reflexos sanguíneos.
Por Raul Brandão, in Os Pescadores, Estante Editora, 2.ª edição, agosto de 2010, página 79.
3.
JANELA
Janela, palavra linda.Janela é o bater das asas da borboleta amarela. Abre pra fora as duas folhas de madeira à-toa pintada,janela jeca, de azul. Eu pulo você pra dentro e pra fora, monto a cavalo em você, meu pé esbarra no chão. Janela sobre o mundo aberta, por onde vi o casamento da Anita esperando neném, a mãe do Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vi meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai: minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis. Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão, claraboia na minha alma, olho no meu coração.
Adélia Prado in Reunião de poesia, BestBolso 2020, 8.ª edição, página 75
4.
JANELA DE PORTUGAL
Cada janela de Portugal tem um significado próprio, uma fisionomia particular, um êxtase distinto. Uma é para o espírito observador, outra para o nostálgico, e ainda outra para o nervoso.
Ramón Gómez de la Serna in Quinta de Palmyra, Vasco Santos Editor, 2022, tradução de Joana Morais Varela, página 43
5.
À JANELA
uma criança
olha a chuva
pela primeira vez
e é como se
nunca
tivesse chovido
antes
José Carlos Barros in Taludes instáveis, Dom Quixote, março 2024