O L assentava em si mesmo como uma luva. Tinha assento em todas as reuniões de letra grande e, se minusculava, logo estreitava laços com quem o precedia ou seguia. Campeão da flexibilidade, o L prestava-se a lutas de salão, a lutos oficiais e a todos os lugares comuns preconizados pela Ordem alPhabética. Amiúde acusado de ser um descarado lambe botas, não passava de um caso de talento social inato. Líquido e lírico, logo ainda mais serpentino do que o S, o L era exímio em deslizar, esgueirar-se, esquivar-se, devanear. Alguns diziam que eLe fazia crescer água na boca, outros que ele trazia sempre água no bico. E isso soava como música aos seus ouvidos, pois eLe adorava andar nas bocas do mundo.