O N era a letra de embalar por excelência. Naturalmente modesto e até um pouco néscio, ambicionava arredondar-se para ocupar menos lugar. E também para instilar sonambulismo no mundo à sua volta, evitando assim ter de arcar com ângulos agudos e casos bicudos. Como os seus desejos não viravam realidade, o N foi-se tornando primeiro simples noctívago, a seguir boémio impenitente. Começou a negligenciar os seus trabalhos de embalo e baby-sitting, e muitas vezes era trazido ao colo para casa porque bebia até cair. O álcool não fazia dele uma letra eloquente… O N transbordava de ternura ao terceiro copo, rolava pelo chão a ponto de se confundir com o inconfundível Z e, a partir daí, era um na-na-na e um zzz-zzz-zzz sem fim. No dia seguinte, acordava amnésico e vencido pela vida.