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Oração da andorinha por Carmen Bernos de Gasztold

Oração da andorinha por Carmen Bernos de Gasztold

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Quem é viva, viva, viva,
Senhor,
se não eu?
Pequena flecha negra
do Teu céu azul.
Deixo o vento aturdido
com a velocidade
do meu voo.
Mas, debaixo dos beirais do telhado,
na minha acolhedora casa de argila,
os meu filhotes estão esfomeados.
Veloz, veloz, veloz,
à procura de comida,
pareço uma seta
dum lado a outro do céu,
com um chilreio de alegria.
Então o meu bico abre-se
para apanhar alguma mosca desprevenida.
Senhor,
um dia há-de chegar,
um dia frio e dourado,
em que os meus filhotes levantarão voo
e tratarão de si próprios.
Nesse dia,
em que não haverá mais nada para fazer
consola-me
com o apelo de terras distantes.
Ámen.

tradução de Jorge Sousa Braga in Animal Animal, Assírio & Alvim, fevereiro 2005, página 23

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