Sou tão cinzento,
meu Deus.
Lembrai-Vos de mim?
Sempre vigiado,
sempre caçado,
vou roendo mediocremente a vida.
Nunca ninguém me deu nada.
Por que me acusam de ser rato?
Não fostes Vós meu criador?
Só peço uma coisa: ficar escondido.
Dai-me apenas com que matar a fome
longe das garras
daquele demônio de olhos verdes.
Amém.
versão para português de Carlos Drummond de Andrade