A raposa desliza como uma chama através dos campos gelados da
manhã com pés de veludo negro.
As suas orelhas orladas de preto azeviche aguçam-se quando ouvem
os primeiros galos cantarem em quintas distantes.
Pára por um instante, escutando,
depois boceja delicadamente e lambe os beiços,
e desaparece rapidamente na aurora incandescente.
Passando como um cometa longe da vista,
arrastando a cauda – um penacho de fogo –
como línguas cintilantes lambem o céu da manhã,
e todas as ervas geladas explodem em vida
com rubis, granadas, diamantes, faiscando.
A raposa vermelha desliza através dos campos de pedras preciosas
nos pés da noite.
por Dahlov Ipcar in Animal Animal, Assírio & Alvim, fevereiro 2005, página 148, tradução de Jorge Sousa Braga