RAUL Brandão era um tipo esgalgado e seco, já ruço, que dormia nas eiras ou sonhava acordado pelos caminhos. Gesticulava e falava alto sozinho, envolto na nuvem que o envolvia e o impregnava. Quando regressava do mar vinha sempre estonteado e cheio de luz que o trespassava. Tomava então apontamentos rápidos. Eram linhas de saudade que o aqueciam e o reanimavam nos dias de Inverno friorento. Pois bem, agora que o autor está no Dicioporto também nós nos podemos aquecer e reanimar com o calor e a vida que emanam daquelas linhas.
Por Paulo Moreira Lopes