QUEM segue o Rio Ave, principalmente através da rádio, é impossível que não conheça Paulo Vidal. Natural de Vila do Conde, há 23 anos que o jornalista acompanha o clube da terra para todo o lado, relatando os golos e transportando todas as emoções através do meio radiofónico.
«Este é o momento mais marcante da minha carreira enquanto jornalista. Acompanho o Rio Ave há 23 anos e nunca vivi um momento como este. Já vivi outros, como a última subida à primeira divisão em 2008, em Santa Maria da Feira, com o golo do Evandro a quatro minutos do fim. Foi muito importante, mas como este não há igual. Estar no Jamor, um estádio emblemático com toda aquela envolvência, a relatar um jogo do Rio Ave vai ser um momento grande e único para mim», conta o jornalista da Rádio Linear, em entrevista ao zerozero.pt.
«É com expectativa que espero pelas duas finais. Vila do Conde é uma cidade pequena, as pessoas conhecem-se todas, existe apenas uma rádio e por isso elas identificam-me como sendo a voz do Rio Ave e de Vila do Conde. São, de facto, 23 anos a acompanhar o Rio Ave e as pessoas dão valor a isso. Por isso vão ser dois momentos inolvidáveis para mim porque sei que será muito difícil nos próximos 30 anos o Rio Ave conseguir novamente um feito destes de estar em duas finais na mesma época», continua, revelando que tem sido bastante abordado na rua.
«Dizem-me muitas vezes que esperam ouvir-me gritar até que a voz me doa, que querem ouvir os golos do Rio Ave nas duas finais com o Benfica. É motivante sentir esse carinho e a envolvência das pessoas porque somos todos uma família e estamos envolvidos neste espírito de festa, de otimismo e de esperança».
É já esta quarta-feira que o Rio Ave vai disputar a primeira de duas finais com o Benfica. Contudo, os vila-condenses e rioavistas estão mais entusiasmados com a final da Taça de Portugal, pelo que espera-se mais adeptos do clube nortenho no Jamor do que em Leiria.
«Penso que as pessoas estão mais entusiasmadas com a final da Taça de Portugal do que com a da Taça da Liga. Elas preferem poupar dinheiro e não ir a Leiria para poderem estar no Jamor porque é mais emblemático e porque se o Rio Ave ganhar garante o acesso direto à fase de grupos da Liga Europa», revela, acrescentando que a festa já está a ser preparada.
«Embora a ideia não tenha sido minha, fui uma das bandeiras do movimento dos barbudos entre os adeptos. Um movimento que começou no Facebook e que tem mais de 200 aderentes. Deixei crescer a barba e isto é uma homenagem aos finalistas da Taça de Portugal de 1984. Fui um dos aderentes e as pessoas reveem-se em mim. Além disso, já tive inúmeros convites para estar junto dos adeptos do Rio Ave nos piqueniques que se fazem no Jamor antes do jogo», atira, dizendo que o entusiasmo de 1984 está a repetir-se em 2014.
«Em 1984 tinha dez anos anos e não fui à final, mas estive na meia-final, a qual fui ver com o meu pai. O Campo da Avenida estava super lotado e houve confrontos com os adeptos do Vitória de Guimarães e recordo-me que houve tiros com um adepto do Rio Ave a ser atingido, embora não tenha sido nada de grave. Lembro-me da preparação para o Jamor e sei que Vila do Conde parou para a viagem a esse local tão emblemático. Foram cerca de dois mil adeptos do Rio Ave e foram feitas milhares de bandeiras», recorda.
«Reparei na meia-final que relatei contra o SC Braga que as pessoas estão a viver esta presença no Jamor de igual forma. Estava muito mais gente no estádio do Rio Ave do que é habitual porque as pessoas sentiram que 30 anos depois era possível lá chegar e que aquele era o momento. Esse jogo com o SC Braga foi marcante e sinto que os adeptos estão a reviver 1984 porque há muita azáfama e sei que há por todos os cafés a procura de bilhetes e de tentar arranjar lugar em autocarros», acrescenta.
Por Álvaro Gonçalves in ZEROZERO