DANIEL Leal Machado e Hugo Rajão conheceram-se no ensino secundário, mais concretamente no 11º ano, e tornaram-se amigos. Uma das características comuns que partilham é o desagrado pela pouca oferta cultural existente na região do Vale do Ave, na qual vivem. Em conjunto com outros colegas tentaram contornar esta oferta reduzida, através da promoção de atividades relacionadas, enquanto membros das diferentes associações de estudantes que integraram no secundário.
Quando chegou a altura de ingressar na universidade optaram por caminhos distintos. Enquanto Daniel seguiu Física, Hugo preferiu Filosofia. A vida universitária não os impediu de manter contacto nem de continuarem ligados à cultura. Entre outros projetos que abraçaram, há que mencionar a crónica mensal que Rajão escreve para o jornal de Vila das Aves (Entre Margens) e o projeto cinematográfico (Srª Panorama) que Daniel desenvolveu em conjunto com o irmão.
Após alguns anos sem um trabalho comum, acharam que seria interessante criarem uma associação que tinha por objetivo ajudar a preencher as lacunas que a diminuta oferta cultural já mencionada originava. Partilharam a ideia com amigos que se mostraram recetivos ao projeto e foi assim que, em dezembro de 2016, com oito fundadores, a associação começou a dar os passos necessários para se apresentar ao público. Esta apresentação aconteceria em março de 2017. O nome da associação, Alarido, surgiu de forma inusitada. Depois de um brainstorming infrutífero, acabaram por consultar um site com as palavras portuguesas mais bonitas. A primeira palavra que viram agradou-lhes e foi a que ficou. Encontraram casa na antiga junta de Vila das Aves.
O projeto começou de forma ambiciosa, com três eventos logo no primeiro mês. A população mostrou-se recetiva, o que os incentivou a continuar. Sem público-alvo definido, procuram que o número máximo de pessoas os conheçam e participem das atividades que desenvolvem (concertos, palestras…). Os eventos são promovidos através da página no facebook da associação, de flyers e de cartazes.
Atualmente, a associação é composta por 14 elementos (fundadores incluídos). Há áreas de trabalhos fixas, mas as pessoas que as integram não o são. Variam de acordo com os eventos, de forma a que todos possam desenvolver diferentes competências e saber o que gostam mais de fazer. A equipa é composta por pessoas de idades diferentes, e está sempre aberta à possibilidade de entrarem novos membros. Na realidade, é isto mesmo que se pretende, até para garantir a continuidade da associação, caso a determinada altura alguém tenha necessidade de sair.
A Alarido conta com um patrocinador. Antes de procurarem mais, querem legalizar a associação como tal. Iniciaram o processo em março e este foi-se arrastando até agora, sem previsão para estar concluído.
A associação organizou até ao momento oito eventos. Entre os planos para o futuro está o sonho de realizarem um festival de música ou teatro, apesar de conhecerem as dificuldades que eventos dessas dimensões apresentam.
SOBRE A AUTORA: Patrícia Santos, natural de uma pequena aldeia do concelho de Santo Tirso, nasceu em 1997. Atualmente, estuda Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Realizou Erasmus em Tarragona durante um semestre. Começou a colaborar com o Correio do Porto em 2017.