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Alberto Barros, 59 anos

Alberto Barros, 59 anos

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É DE uma gentileza desconcertante, manifesta uma infinita preocupação para com os pacientes que o procuram na ânsia de receberem a visita da cegonha e é considerado por muitos o melhor geneticista português.Alberto Barros é professor catedrático Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e foi recentemente nomeado pelo Ministério da Saúde para liderar a comissão responsável por regulamentar a Lei que alargou o âmbito dos beneficiários das técnicas de procriação medicamente assistida (PMA).

Natural de Vila Nova de Gaia, Alberto Barros assume, há vários anos, que a decisão de recorrer a técnicas de PMA obedece à “consciência individual”. “É proibido proibir”, defende o docente e investigador de 59 anos, que dirige o Departamento de Genética da FMUP e integra o Conselho Nacional de procriação Medicamente Assistida.

Entre medicamentos, cirurgias, inseminação artificial e recolha de células ou procura de um dador para fecundação em laboratório, o especialista lembra que são várias as respostas providenciadas pela Medicina para dar resposta a casos de infertilidade. Aliás, Alberto Barros foi pioneiro em Portugal na aplicação das técnicas de Procriação Medicamente Assistida, nomeadamente inseminação artificial intraconjugal, com preparação “in vitro” do esperma (1985); crioconservação do esperma em azoto líquido (1985); inseminação artificial com esperma de dador e microinjeção intracitoplásmica de um espermatozoide (1994). Dirigiu também a equipa que obteve as primeiras gravidezes mundiais em casos de imobilidade dos espermatozoides e de paraplegia com ausência de ejaculação devido a traumatismo da espinal medula com arma de fogo.

Cumulativamente, foi o precursor no nosso país do diagnóstico genético pré-implantação e da lavagem e preparação de espermatozoides nos casos de homens portadores de VIH, e Hepatite B e C.

Mas a principal mensagem do geneticista para todos os que aspiram a desempenhar o papel de pais é não procrastinar a decisão de ter filhos, até porque a fertilidade feminina baixa significativamente a partir dos 35 anos…demasiado cedo para os padrões sociais atuais.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

“Ser Porto”, isto é, pela sua diversidade e qualidade acrescentar prestígio a uma cidade internacionalmente apreciada, pela sua beleza geográfica e histórica (e também pelos ícones Vinho do Porto e Futebol Clube do Porto…).

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Embora não seja um problema exclusivo da U.Porto, não posso deixar de manifestar a minha grande preocupação pelos constrangimentos orçamentais que impedem a contratação de pessoal docente, impedindo a imprescindível renovação geracional e o aproveitamento de elementos de excelência.

Lamento também a centralização administrativa conducente a orientações/decisões desajustadas, face à realidade funcional, específica, das Unidades Orgânicas, e incompreensíveis, como é exemplo o Calendário Escolar 2016/2017, em que a época de avaliação tem início a 29 de Maio e termina a 30 de Junho. Este período de avaliação, tão curto e com um início tão precoce, significará o aumento do absentismo dos alunos às aulas (sobretudo a seguir à semana da “Queima das Fitas”), menos tempo de preparação para os exames mas… proporcionará aos estudantes mais de 2 meses de férias (o que é de uma “originalidade” fantástica mas lamentável porque este período de descanso não corresponde à realidade do seu próximo futuro profissional e, sobretudo, é conseguido pondo em causa a qualidade do ensino/avaliação).

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Descentralizar. Respeitar as especificidades das Unidades Orgânicas: não pode haver regras iguais para o que é muito diferente (é facilmente estendível a diferença entre o que é fazer, para além do ensino e investigação, trabalho assistencial, de prestação de serviços).

– Como prefere passar os tempos livres?

Com a minha mulher e os meus 3 filhos. Ler, fazer desporto (corrida, natação, ski aquático e na neve) e cinema.

– Um livro preferido?

“O Admirável Mundo Novo”, “O Choque do Futuro”, “O Deus do Rio”, “Os Maias”, …

– Um disco/músico preferido?

A música dos Queen e a voz de Freddie Mercury.

– Um prato preferido?

Pertenço à Confraria das Tripas à Moda do Porto, com honra pelo convite e por gosto porque é dos meus pratos preferidos. Mas, confesso que ficaria muito mais preocupado pela perspetiva de extinção do peixe do que da carne… (haverá sabor como o das sardinhas assadas quando estão no seu “pico qualitativo”?).

– Um filme preferido?

Filme que proporcione entretenimento, com uma boa imagem, com gente bonita, argumento bom mas não complexo, em que a base seja a acção, o amor, a busca da justiça, o humor, … e, sobretudo, com um “final feliz”.

– Uma viagem de sonho?

Um safari no Quénia, há mais de vinte anos.

– Um objetivo de vida?

Ser e fazer feliz, decidir bem (nas decisões que terão consequências pessoais e nos outros) e que os meus filhos (Francisco, Pedro e Carolina) se sintam muito orgulhosos do pai.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Além da inspiração nos princípios cristãos, as minhas inspirações baseiam-se em actos e factos, nos grandes exemplos de dedicação e amor às pessoas, desprendimento, simplicidade, seriedade, frontalidade, coragem, trabalho e persistência para alcançar grandes resultados.

12 – O projeto da sua vida…

A minha vida nunca teve “um” projeto mas está preenchida de muitos projetos, pessoais e profissionais, felizmente concretizados. Mas, o que está concretizado deve também constituir a base, a inspiração e a força para o muito que é sempre preciso fazer…

– Como perspetiva o alargamento dos beneficiários da PMA em Portugal?

O alargamento dos beneficiários da PMA em Portugal merece o meu apoio e, sobretudo, a minha compreensão. Esta é uma matéria tipicamente de consciência individual em relação à qual eu afirmava, desde há vários anos, que deveria ser “proibido proibir”.

Por Olga Magalhães publicado in http://noticias.up.pt/

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