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António Vicente Cunha (1937)

António Vicente Cunha (1937)

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ANTÓNIO Vicente Cunha nasceu em Matosinhos a 14 de Fevereiro, mas foi registado a 28 de Maio de 1937. “Antigamente os nascimentos tinham que ser oficializados logo após o parto, caso os pais não o fizessem pagavam multa. O meu pai era pescador e só me registou quando o mar lhe deu de comer e sobrou um dinheirito”. A descendência marítima nunca o convenceu António Vicente a optar pela pesca: “embora tenha feito a 4ª classe e frequentado a Escola de Pesca, uma obrigação para os filhos de pescadores, só ia até ao pé do mar para jogar futebol na areia. Jogava-se desde 15 de Setembro a 15 de Maio. Depois os banheiros enchiam de barracas o nosso campo de futebol e praia. Como faltava às aulas, o meu pai deixou passar o verão e meteu-me a alfaiate. Tinha pouco mais de 10 anos. Na primeira semana de trabalho o meu patrão deu-me 2$50 (1,25 cêntimos) para comprar castanhas. Na segunda semana pagou-me 3$00 por dia. Só gostei verdadeiramente da arte quando comecei a fazer roupa de senhora. Era um tempo de muita pobreza e embora fizesse-mos roupas novas, por medida, transformamos muitos fatos de homem em saias e casacos para senhora. Umas calças davam uma saia a direito”.

O casamento em 1975, com a poveira Maria Urbana Lopes Andrade, não só tirou António Vicente da sua terra natal, como lhe mudou a profissão. “Ainda trabalhei na alfaiataria em Matosinhos um ou dois anos, mas depois empreguei-me a escriturário na velha Lota da Póvoa de Varzim, frente ao antigo mercado do peixe. Era um barracão com uma repartição de escritório e outra para o caixa da Lota estar isolado do resto do pessoal. Recebia os talões de peixe dos barcos e pagava os rendimentos dos pescadores, depois de vendido o peixe e retirado os 4% cobrados pelo serviço prestado pela Lota. Éramos quatro a fazer as contas em máquinas de calcular tipo martelo, que avariavam com frequência. Quando se instalou um quadro electrónico para o leilão, que permitia ao comerciante accionar um botão e comprar no preço que lhe interessava, passei para Caixa de Lota. Era o homem que recebia o dinheiro. Mais tarde passei para encarregado”.

Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA

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