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Artur Pimenta Alves (1948)

Artur Pimenta Alves (1948)

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ARTUR Pimenta Alves é professor catedrático aposentado do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Foi, durante nove anos, diretor do INESC Porto – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (atual INESC TEC) e, em 2008 assumiu a Direção do Centro de Produção da RTP Porto. Para que continue o seu trabalho nesta área, a U.Porto destacou-lhe o desenvolvimento de um cluster nacional na área dos media.

Licenciado em Engenharia Electrotécnica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) em 1970 e doutorado pela Universidade de Bradford em 1981, Pimenta Alves começou a dar aulas na U.Porto logo após terminar a licenciatura. Ao longo da sua carreira como docente, liderou diversas áreas de investigação e ensino pós-graduado de natureza transdisciplinar na área dos média (jornalismo, multimédia e média digitais) na U.Porto, tendo coordenado a participação da U.Porto no programa Programa UT Austin|Portugal – em colaboração com a Universidade do Texas em Austin, desde o seu arranque até 2011. Foi ainda promotor da criação do Polo de Indústrias Criativas do Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto (UPTEC/PINC).

Pimenta Alves foi igualmente um dos principais alicerces do INESC, sendo também uma das figuras mais emblemáticas e acarinhadas. Em 1985, liderou o projeto SIFO “Rede de Serviços Integrados por Fibra Óptica”, muitas vezes referenciado como a base do INESC TEC (primeiro INESC no Porto)

Pelo trabalho que desenvolveu no INESC, e nomeadamente no projeto SIFO, foi distinguido em 2016 como professor Emérito da Universidade do Porto em 2016.

– Naturalidade?

Vila das Aves, concelho de Santo Tirso, Portugal.

– Idade?

Bem entrado nos 68.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da grande diversidade de culturas.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Não aproveitar bem essa mesma diversidade de culturas. Estão isoladas umas das outras e existem poucas oportunidades de interação e de construção interdisciplinar.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Rever o modelo de organização que crie condições para maior aproximação de culturas. O facto de ter nascido sem campus, nos tempos em que isso era considerada perigoso, por levar os estudantes a serem ousados e politicamente ativos, deixou uma herança pesada. Hoje existem campus que não são bem campus, mas antes Faculdades ao lado umas das outras com muros a separá-las (e não só muros físicos).

– Como prefere passar os tempos livres?

Caminhar, ler, tirar fotografias, cozinhar, dependendo do dia de trabalho.

– Um livro preferido?

Não tenho só um. Leio muito, gosto de tudo que é bom mas o que me agrada varia muito de momento para momento. Tanto gostos de ler os romancistas clássicos, tipo Tolstoi, Dostoyevsky, Thomas Mann, como alguns contemporâneos tais como Naipaul, Mahfouz, sem esquecer portugueses como o Saramago ou o mais recente Valter Hugo Mãe, para referir alguns. Qual escolho depende do momento. Uma coisa sei: não gosto muito de romances de entretenimento nem de novelas.

– Um disco/músico preferido?

Também aqui há muitos. Tenho um gosto especial por assistir presencialmente a espetáculos de música contemporânea. Infelizmente na nossa cidade há poucos concertos dedicados a esse tipo de programação. O público prefere repertórios com um reduzido número de peças clássicas, que também aprecio mas com dose muito inferior, e que em geral ouço em casa. A música contemporânea não é fácil de ouvir em casa isoladamente. Também gosto bastante de jazz.

– Um prato preferido?

Repete-se aqui o gosto pela variedade. Quando viajo gosto de experimentar. Por cá, estou um pouco cansado dos gourmet e ando mais inclinado para a tradicional portuguesa, carne ou peixe.

– Um filme preferido? 

Mais uma vez variedade mas não sou interessado por filmes de entretenimento. Gosto de filmes que fazem pensar, compreender ou que ensinam algo.

– Uma viagem de sonho? 

Já fiz uma viagem de sonho: ir de carro até ao Cabo Norte. O ponto mais a norte da escandinávia, de onde saíram as expedições para o Pólo Norte. A viagem de carro foi maravilhosa pela variedade de paisagens e culturas que atravessamos. Espantosa a visita às ilhas Lofoten e às secas do bacalhau.

Tive uma segunda experiência interessante numa viagem ao interior da Guiné Bissau. Interessante ver a absorção (ou não) daquilo que os portugueses lá deixaram bem como a extraordinária alegria de viver daquelas gentes apesar de terem tão pouco!

– Um objetivo de vida?

Os horizontes são apertados mas queria continuar a lutar pelo apoio ao desenvolvimento dos media digitais, ferramenta essencial para o futuro de qualquer sociedade, que não temos sido capazes de apoiar de forma organizada e aumentar o tempo disponível para o meu neto, infelizmente a viver longe…

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Admiro muita gente, nova e velha, mas não posso dizer que me inspirem.

– O projeto da sua vida…

Ter conseguido ganhar confiança da BBC e construir um programa de colaboração que durou vários anos, inspirador para ambas as partes. Entre nós treinamos uma equipa no INESC que entretanto saiu, existindo hoje diversas empresas tecnológicas a prestar serviços e desenvolver produtos no mercado internacional dos media digitais.

– O grande objetivo a cumprir através do trabalho a realizar no âmbito da atribuição do título de Emérito?

Respondi na pergunta do objetivo de vida, neste caso esquecendo a referência familiar. A concessão do título muito me honrou e encarei-a como o reconhecimento do que fiz e do que me proponho fazer. É bom, embora pareça formal, um aposentado voltar ao estado de ativo, é interessante.

Por Helena Peixoto publicado in http://noticias.up.pt/

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