BENJAMIN e Selam chegaram a Portugal há três meses e foram acolhidos pela Santa Casa da Misericórdia de Penafiel. Dizem-se felizes e entusiasmados com o começo de uma vida nova.
Em Portugal esperam encontrar trabalho e um futuro para o filho que aí vem. “Nasci de novo”, resume Benjamin.
Este casal de refugiados integra a lista de 149 imigrantes que chegaram a Portugal desde novembro do ano passado, vindos da Grécia e de Itália, através do Programa de Recolocação da União Europeia.
A vida de refugiado de Benjamin começou aos 8 anos quando teve que fugir com a mãe e a irmã, da Eritreia para a Etiópia, depois de o pai ter sido assassinado à porta de casa por se recusar a colaborar com o regime. Anos mais tarde, Benjamin quis tentar a Europa. Seguiu pelo Sudão, Líbia e chegou de barco a Itália, deixando a família para trás. “Já falei com a minha mãe e ela está feliz. Estava muito preocupada comigo por ter emigrado. O Saara é duro e a Líbia um país perigoso. Tem morrido muita gente… Acho que sou afortunado e estou entusiasmado com o futuro porque vou começar uma nova vida. Nasci de novo!”, disse à TSF.
Benjamin, de 26 anos, e a mulher, Selam, de 22, chegaram a Portugal no dia 17 de dezembro do ano passado. Passaram o Natal e o Ano Novo em casa de Júlio Mesquita, o provedor da Misericórdia de Penafiel, a instituição que os recebeu. Desde janeiro vivem num T1 no centro da cidade. “Gosto de Portugal, gosto das pessoas, são amáveis. São como amigos. Em Itália conheci uma portuguesa que me disse que era um país bom para mim, que se fosse inteligente podia estudar e tirar um curso. E eu escolhi vir para Portugal”, contou.
Estudou Engenharia Industrial mas não tem como prová-lo. Está disposto a começar de novo. Espera encontrar trabalho mas primeiro há que aprender a falar português. “De manhã “bom dia”, à tarde “boa tarde” ou à noite “boa noite”, “obrigado”, gosto muito desta, são palavras tão pequenas as que eu aprendi.”, reconhece, manifestando, no entanto, uma enorme vontade em aprender mais.
Selam, a mulher de Benjamin, está grávida de poucos meses. “Sim, vou ser pai e estou muito feliz. Perdi tudo nesta viagem mas acho que vai ficar tudo bem. Vai ser bom para o meu filho”, anseia.
Atrasos no ensino de Português atrasam integração
Júlio Mesquita, provedor da Misericórdia de Penafiel, revela que a barreira linguística tem sido um dos maiores entraves à integração deste casal de refugiados e confessa-se desapoiado. “A aprendizagem do Português está atrasada e não temos tido grandes apoios. Esperamos que com a chegada de mais refugiados, nomeadamente para Amarante e Castelo de Paiva, possamos arranjar uma turma” e arrancar, em definitivo, com o ensino da língua a estes refugiados.
Mas há outros obstáculos: “Temos sentido muita morosidade no processo. Só há cerca de 15 dias é que tiveram o NISS (Número de Identificação da Segurança Social), ainda não têm o passaporte que lhes está prometido e nota-se uma certa lentidão. Esperemos que as coisas comecem a correr com maior celeridade”, referiu Júlio Mesquita.
Por Liliana Costa publicado in TSF