COM apenas 23 anos de idade, Bernardo Sousa Pinto é um dos mais promissores investigadores em saúde do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), a segunda maior Unidade de Investigação sediada na U.Porto.
Nascido no Porto, cedo se fez notar pelo seu percurso escolar brilhante. Na Escola Secundária de Valadares, que frequentou, já era o melhor aluno. Entrou na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) com 18,8 valores e com uma ideia fixa em mente: fazer investigação relacionada com a saúde. O contacto com a investigação surgiu logo no primeiro ano do curso, mas foi a partir de um trabalho para a cadeira de Imunologia, no terceiro ano, que o “bichinho” ganhou terreno. Hoje, o sonho está a ser concretizado a 100% no CINTESIS.
Bernardo Sousa Pinto confessa que tinha “uma ideia muito romântica” da investigação, comum a grande parte dos jovens, que contrasta com a realidade. “Pensava que fosse mais simples, que os resultados apareciam muito mais facilmente, quase de forma automática, e não é nada disso. É preciso ter muita paciência, muito rigor metodológico, muita dedicação ao planeamento”, afirma, em jeito de alerta e de recomendação a que quer seguir esta área. A verdade é que dedicação não lhe falta.
Foi com idêntica entrega que o jovem terminou o Mestrado Integrado, no ano letivo de 2015/2016, com a média de 18 valores, o que lhe valeu o Prémio Maxdata Excelência em Medicina. Atualmente, frequenta o primeiro ano do Programa Doutoral em Investigação Clínica e em Serviços de Saúde (PDICSS), desenvolvido pela FMUP, com o apoio do CINTESIS.
Além disso, o investigador do CINTESIS dá aulas de Imunologia, de Bioestatística e de Introdução à Investigação no Departamento em Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da FMUP, tendo já publicado 12 artigos científicos e conference papers e vencido, ex-aequo, em 2016, o Prémio de investigação SPAIC-DIATER de Alergia a Fármacos, pelo trabalho intitulado “Internamentos em crianças com registo de alergia às penicilinas”. Embora a saúde esteja no centro da sua investigação, Bernardo Sousa Pinto também tem escrito alguns artigos out of the box que revelam o seu gosto pelas políticas de saúde e de ciência.
– Naturalidade?
Sou natural do Porto, mas sempre vivi em Gaia.
– Idade?
23 anos.
– De que mais gosta na Universidade do Porto?
Gosto sobretudo das pessoas. A Universidade do Porto tem professores excelentes, tanto em termos científicos como em termos humanos. Os alunos e colegas são muito dedicados, os funcionários são muito prestáveis… Portanto, acho que o maior valor da Universidade do Porto são mesmo as pessoas que a constituem.
– De que menos gosta na Universidade do Porto?
Penso que, às vezes, poderia haver mais transparência nas tomadas de decisão e no que se vai passando na Universidade para possibilitar que as discussões sejam feitas de modo mais aberto.
– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
A Universidade do Porto poderia oferecer mais condições para os alunos da pré-graduação que queiram fazer investigação científica, designadamente a nível formativo. Isso motivaria os alunos. Mesmo que as pessoas não façam investigação a tempo inteiro, é fundamental que tenham as ferramentas para isso.
– Como prefere passar os tempos livres?
Não tenho muitos tempos livres, mas gosto de ler, viajar, conviver com os amigos e ouvir música.
– Um livro preferido?
É difícil porque gosto muito de ler. Na ficção, gostei muito de “Cities of Salt”, de Abdelrahman Munif. Na não-ficção, escolheria “A Era dos Extremos”, de Eric Hobsbawm, que apresenta uma síntese muito boa do século XX.
– Um músico / disco preferido?
Também é difícil. Se tivesse de escolher um, seria “Rattlesnakes”, de Lloyd Cole.
– Um prato preferido?
Francesinha.
– Um filme preferido?
Não sou muito cinéfilo, mas os filmes dos “Monty Python” são, para mim, uma referência.
– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?
Tenho viajado pela Europa. Gostei muito de ir à Turquia e aos países que constituem a ex-Jugoslávia. No futuro, gostava de conhecer o Médio Oriente, em paz, de preferência, embora isso seja muito utópico.
– Um objetivo de vida?
A nível profissional, eu gostava de perceber que os resultados da minha investigação têm algum efeito na melhoria da prática clínica. Há investigação de muita qualidade a ser feita, mas há uma falha muito grande na implementação dos resultados na prática. Nisso, o CINTESIS tem sido bastante pioneiro.
– Uma inspiração?
O que me inspira é a esperança de, através da investigação, poder contribuir para o bem das pessoas.
– O que deseja para o CINTESIS?
O CINTESIS é uma unidade de investigação muito inovadora, a nível nacional, pelo modo como funciona em rede, abrangendo várias instituições e várias áreas. O que eu desejo para o CINTESIS é que continue nesta senda, que cresça, que tenha mais publicações, que se afirme no panorama científico, sempre com enfoque na investigação clínica e em serviços de saúde, mas sem perder o seu ADN.
Por Cláudia Azevedo publicado in http://noticias.up.pt/