ESTUDANTE com média de 19,27 valores, Eduardo Tavares recebeu a medalha de bronze nas últimas Olimpíadas Ibero-Americanas de Biologia, que se realizaram em Brasília, no Brasil. Longe de se considerar um génio, o ex-aluno da Escola Secundária de Ermesinde e agora caloiro na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto pensa seguir a especialidade de Neurocirurgia.
A quem receia entrar numa competição do género, Eduardo Tavares desmistifica e aconselha a vivenciar a experiência. “As Olimpíadas são muito mais do que um teste ao nosso conhecimento”, diz, sublinhando que “são uma oportunidade única de conhecer novas culturas, interagir com pessoas que têm visões diferentes sobre a vida e o mundo, mas que partilham connosco a mesmo gosto pela biologia e ciência”. Relevando que se “fazem amigos para a vida”, Eduardo deixa um conselho: “Devem aproveitar o momento, vão sair mais enriquecidos”.
Com 18 anos, Eduardo é, pode dizer-se, quase um profissional das olimpíadas. Ao VERDADEIRO OLHAR contou que participou todos os anos, desde o 7º ano de escolaridade, nas Olimpíadas de Matemática. Os resultados, explica, nunca deram para passar à final nacional, mas tal não o demovia de participar no ano seguinte e alcançar mais uma vez a passagem à segunda fase. Em 2015 seguiram-se as Olimpíadas de Biologia. A participação não passou da primeira fase, até porque “não tinha dado matéria do 12º ano e portanto não fui longe”. Em 2016, já com a “bagagem do 12º ano as coisas correram melhor”, apesar de só ter decidido participar a dois dias do dia da prova, incentivado por um colega que também se inscreveu. “Foi assim por acaso”, diz, relatando que passou na primeira eliminatória e que na segunda passou com o mínimo exigivel. 87 pontos em 100. Apurado para a final, em Vila Real, enfrentou uma prova prática sem componente teórica e “correu bem”. “Gostei da prova e fiquei em sexto lugar do 12º ano e em 7º na geral, conseguindo assim o apuramento para as Olímpíadas Ibero-Americanas de Biologia, em Brasília.
Com a explicação por parte de professores de que as provas seriam ao nível do 2º e 3º ano da faculdade, Eduardo receou. “E como não me tinha preparado especialmente, admito, quando olhei para a prova teórica pensei que teria 10 por cento. Tinha corrido muito, muito mal”, diz. A “tragédia”, como o próprio descreve, acabaria depois por ser compensada nas provas práticas. “Correu melhor, gostei mais dos temas. Foi mais estimulante porque tinha provas de laboratório”, explicou, concluindo que “depois comprovou-se que não tinha corrido tão mal quanto isso” e a conquista do bronze foi prova disso. O sentimento na vitória, diz, é difícil de descrever. “Fiquei em êxtase”, sublinha. “Sabemos que estamos a competir com os melhores de vários países e para chegar lá já foi preciso mostrar bastante conhecimento, o que confere maior regozijo sobre esse resultado”, acrescenta.
Por Isabel Rodrigues Monteiro publicado in Verdadeiro Olhar.