CAXINAS comemorou no primeiro dia de Março os 100 anos de Fernando Matias Marques, o mais velho homem daquela comunidade piscatória. Não foi apenas o centenário de Fernando da Rebina, como é conhecido na sua terra, que se celebrou, mas uma pessoa que simboliza uma comunidade e que mantém uma memória prodigiosa. É fácil ouvi-lo contar estórias da pesca do bacalhau, acontecidas na Terra Nova e na Gronelândia, onde durante três décadas se tornou um enorme pescador e chegou mesmo a salvar um familiar de morte certa.
Nascida para resgatar memórias, a Bind’ó Peixe – Associação Cultural associou-se à festa e, com o apoio da Junta de Freguesia de Vila do Conde, concebeu um mupi de homenagem e levou Fernando da Rebina a visitar a exposição “St. John’s, Porto de Abrigo”. Este documento de vida na pesca do bacalhau foi produzido pela associação para o Museu Marítimo de Ílhavo, em 2016, e pode ser visitada numa casa situada na marginal das Caxinas. O velho homem do mar, ao observar imagens de barcos e gentes do bacalhau, reconstruiu-se em memória e deixou aos presentes mais um testemunho das suas vivências.
Recordamos que Fernando Matias Marques, apesar da sua condição de analfabeto, chegou a ser responsável pela lota das Caxinas, para além de ser uma testemunha viva da famosa greve de 1937. Durante meses, milhares de pescadores recusaram-se a aceitar a nova ordem instituída pela criação do Grémio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau, que restringiu a capacidade dos homens do mar na negociação salarial, deixando-os nas mãos das empresas do sector. A paralisação só acabaria no início de Maio desse ano, mas após violentas cargas policiais em várias comunidades marítimas de norte a sul do país.
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