FIRMINO Amorim Novais nasceu em 1938, em Chorente, Barcelos. Fez a 3ª classe e até aos 22 anos trabalhou com os pais na agricultura. Depois rumou até S. Paulo, Brasil, onde foi empregado e comerciante. No regresso, em 1975, estabeleceu-se na Póvoa de Varzim, onde vive. Casou em 1976, com Maria de Fátima e tem um filho. “Para os filhos do campo a escola é sempre um descanso. Embora fossemos oito irmãos, nunca faltou pão na mesa. Os meus pais eram grandes lavradores de Chorente, tinham 22 cabeças de gado, carros de bois e jornaleiros. As terras eram lavradas com a charrua puxada por uma junta de bois. Na altura das desfolhadas do milho o meu pai alugava uma debulhadeira porque ficava mais barato que contratar pessoas à jorna. Era um tempo escravo, trabalhava-se de sol a sol. Mas essa foi a minha sina até aos 22 anos. Depois o meu irmão Aurélio, que estava no Brasil, mandou-me uma carta de trabalho e fui para trabalhar no café dele”.
No Brasil, Firmino Novais começou como empregado mas com o tempo a sorte foi mudando: “fui no paquete Vera Cruz e quando cheguei a São Paulo o meu irmão já tinha passado o café. Ele fazia bons negócios mas era muito despassarado e a gestão nem sempre era a melhor. Acabei por arranjar emprego no café de um cunhado meu. Alguns meses depois, com experiencia acumulada, fui trabalhar para os irmãos Lemos, que eram também da minha freguesia. Eles faziam feiras a vender legumes e precisavam de uma pessoa de confiança para gerir o café que tinham. Aí comecei a ganhar e a juntar algum dinheiro e, com o meu irmão, abri um negócio de frutas que não dava para os dois. Para sair da cepa torta comecei a procurar outro estabelecimento que me desse mais dinheiro. Até que conheci o tio David, meu conterrâneo, que fez fortuna no Brasil. Ele propôs-me a exploração de um café, uma pensão com 22 quartos e um salão de barbeiro, tudo no mesmo edifício. No Brasil os negócios são feitos com uma certa segurança. Depois de acertados os números, ficamos à experiencia 41 dias e o anterior proprietário tem que garantir movimento para cobrir as despesas. Se isso não acontecer o negócio é anulado. Este negócio era rentável e consegui fazer um pé-de-meia. Estive 12 anos no Brasil, mas a meio vim passar umas férias a Barcelos e fiquei 18 meses. Regressei com 36 anos e um ano depois casei”.
Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA