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José Carlos Loureiro: a serena e honesta prática do ofício de arquitecto

José Carlos Loureiro: a serena e honesta prática do ofício de arquitecto

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NOTA PRÉVIA:  No início deste ano, a prestigiada publicação O Tripeiro, da Associação Comercial do Porto, pediu-me para escrever um texto sobre a figura e a obra do arquitecto José Carlos Loureiro. O texto que então escrevi revelou-se demasiado extenso e por compreensíveis razões editoriais, O Tripeiro no seu n.º de Fevereiro de 2014, publicou apenas uma síntese/resumo da versão original e completa. É esta versão que agora se publica, com o acordo do autor e de O Tripeiro.

“…Estamos enormemente reconhecidos ao Arquitecto: o qual fez que nós possamos em quietude, com tranquilidade, alegria & saúde; no trabalho, com utilidade & proveito; & nem uma & nem outra, sem perigo, & onde reencontramos a dignidade. Não negaremos por isso que ele se deveria louvar & estimar, & se deveria coloca-lo, seja pelo encanto, & pela maravilhosa beleza das suas obras; seja pela necessidade, & pela ajuda, & força das coisas por ele descobertas, num lugar entre os primeiros homens que são merecedores de honras e recompensas…” Leon Battista Alberti [1]

O texto de elogio e reconhecimento que Alberti faz ao Arquitecto parece assentar perfeitamente na figura profissional de J. Carlos Loureiro, autor de uma obra tão extensa e diversificada, que em grande parte realizada no Porto, cidade que assumiu como sua, e para a qual contribui para a formação e modernização da sua imagem urbana.

Neste período de grandes transformações e de incertezas da Arquitectura e do papel do Arquitecto, a personalidade de J. Carlos Loureiro destaca-se pela sua concepção da responsabilidade ética do ofício de arquitecto com que sempre norteou o exercício da sua actividade profissional. Nas suas próprias palavras, “trabalhar ao serviço das pessoas. Elas vão viver em espaços que estou a criar, e tenho a obrigação de procurar contribuir para que elas se sintam bem, física e emocionalmente. Não me interessa fazer um edifício com características técnicas, conforto físico, se não houver uma vivência emotiva do espaço, da luz.” [2]

Quando hoje nos encontramos num mundo em que, graças aos novos meios de comunicação, a generalização da informação é absoluta. Quando em qualquer parte deste mundo globalizado se pode seguir com detalhe o que se está a projectar, construir ou a pensar seja à escala da cidade, do edifício, do design ou mesmo de novos materiais ou tecnologias. Quando cada arquitecto parece – num afã de originalidade e mediatismo – querer afirmar-se por formalismos e jogos de fachada, com arquitecturas que tendem muitas vezes para o frívolo e para o vazio conceptual e formalista. Quando a rápida evolução dos meios de comunicação, particularmente a reprodução e transmissão de imagens, atribuem aos mass-media em geral, às redes sociais e mesmo às publicações especializadas de grande difusão internacional, a possibilidade de difundir, quase instantaneamente, as realizações ou as suas imagens, onde quer que se processem, assumindo um papel determinante na conformação do gosto, na selecção de modelos, na valorização das soluções, a partir das quais se procura a inspiração “para estar na moda” ou simplesmente para aparecer e enaltecer a sua (própria) imagem. Quando os métodos da projectação se alteraram pela revolução digital, conduzindo a uma concepção do tempo como instantâneo e apenas localizado no presente e quando em Portugal com uma séria crise da edificação e da construção, aumenta de uma forma que toca o absurdo, o número de arquitectos.

É nesta situação incerta e flutuante, em que os aspectos formais e virtuais são sobrevalorizados em relação à concretização e à construção da obra, que parece necessária uma verdadeira refundação da Arquitectura, reconsiderando o habitar como a sua primeira condição, e parece urgente repensar o papel do Arquitecto, dando-lhe “Tempo para trabalhar e para dar tempo ao tempo” e ao seu trabalho “Tempo para envelhecer sem ficar obsoleto…” [3] conduzindo a sua capacidade operativa para – ao serviço dos seus utentes – realizar construções sólidas, qualificadas e duráveis, onde a funcionalidade se misture com a emoção e o mistério.

Parece pois necessário um rapel a l’ordre, soltando de novo, perante as novas gerações de arquitectos, o grito cinquentenário mas muito actual de Coderch: “Ao dinheiro, ao êxito, ao excesso de propriedade ou de ganância, à ligeireza, à pressa, à falta de vida espiritual ou de consciência, há que opor: a dedicação, o ofício, a boa vontade, o tempo, o pão de cada dia e, sobretudo, o amor, que é aceitação e entrega, e não posse e domínio.” [4]

Repensar e regressar à responsabilidade ética do arquitecto, à arquitectura como um serviço destinado às pessoas, é esta a lição fundamental da obra de J. Carlos Loureiro: “uma arquitectura pensada para servir o homem e pensada para se integrar no seu meio; uma arquitectura sincera e honesta em face dos condicionalismos incidentes” [5]

Ao revisitar todas as suas obras, no seguimento dessa atitude ética, há dois aspectos que de imediato se salientam. A qualidade e eficácia da técnica da construção e o exímio modo como são usados os materiais e a modernidade tranquila e discreta que sempre afirma na sua arquitectura.

Quanto ao primeiro aspecto, é o próprio arquitecto que revela, que “…Começou, nesta experiência da juventude [a Casa própria em Gondomar], a afirmar-se o gosto pelos materiais na expressividade da sua textura e cor naturais (a pedra e a madeira) …” [6]

Gosto acrescentado pela preocupação com as relações visuais e tácteis dos materiais, com as experimentações em torno da sua “massa” e “peso”, com o jogo das texturas e dos valores plásticos dos acabamentos, ou nas palavras de Valéry: “O matériaux! Belles pierres!… O trop légers que nous sommes devenus!” [7]

Esta pesquisa no valor e na utilização dos materiais desenvolveu-se na docência na Escola de Belas Artes, onde a convite de Mestre Carlos Ramos, leccionou durante mais de 20 anos, como professor de Composição e de Construção. [8]

Nas suas obras, José Carlos Loureiro encarou sempre a solidez, a durabilidade e a relativamente fácil manutenção das suas obras como uma das suas dimensões fundamentais da Arquitectura, executadas com a responsabilidade e o brio de um operário procurando construir obra asseada e trabalho bem feito. Por isso, mesmo as mais antigas permanecem modernas e actuais e sempre em bom estado de conservação.

O segundo aspecto, essa modernidade tranquila e discreta, que se não pode dissociar do domínio dos materiais e técnicas construtivas, manifesta-se por um permanente olhar atento à evolução da cultura arquitectónica, aos caminhos, às transformações e às deambulações da arquitectura portuguesa e internacional, na segunda metade do século XX. Essa modernidade, essa “relação perfeita da Arquitectura com a Vida” [9] é sempre, prudente e pensadamente introduzida nas suas obras de uma forma subtil, tranquila e discreta, com soluções que quando necessário, se vão actualizando, mas sempre tendo por horizonte o quotidiano, o dia-a-dia, de quem as habita ou as usa ou apenas de quem, atenta ou distraidamente, por elas passa ou visita. Mas não se pense que isso represente uma forma frívola de se salientar ou de aceitar irreflectidamente as inovações.

Como repetidamente afirma, a “arquitectura não pode ser nem para a fotografia, nem só para a satisfação do ego de cada um. A arquitectura é um serviço.” [10]

São estes dois princípios, estas duas componentes essências da sua maneira de encarar e realizar a Arquitectura, que numa pequena viagem, pela sua extensa obra, se procura assinalar de uma forma forçosamente impressionista e incompleta.

Na economia deste texto não é possível a tão e enriquecedora análise que a sua obra, toda a sua obra, de há muito tempo merece. Obra que pela sua qualidade arquitectónica e construtiva, aliada à sua irrepreensível personalidade, sabendo ouvir e compreender, mas sabendo também argumentar e convencer, consolidou o seu prestígio pessoal e profissional, gerando a admiração entre os colegas de profissão, e criou uma sólida confiança junto dos promotores públicos e privados, que permitiu, sem mediatismos, que o seu gabinete se tivesse tornado um dos mais procurados da cidade do Porto e do Norte do País.

Das suas obras, destaco em primeiro lugar duas que, apesar da sua relativa pequena dimensão, melhor traduzem o pensar e o fazer de J. Carlos Loureiro: a sua casa própria em Gondomar [11], a sua mais privada e primeira obra, primeira no sentido cronológico e primeira – diria eu – no sentido fundador da sua prática da arquitectura, e o alpendre da Capelinha das Aparições em Fátima, provavelmente a sua mais importante obra e certamente a mais visitada e vivida de Portugal. [12]

J. Carlos Loureiro considera a sua casa própria, com a emoção de quem sabe que “… a casa é o nosso canto no mundo.” [13] Ainda antes da publicação e da difusão, entre nós, das reflexões de Gaston Bachelard sobre a casa habitada, sobre a casa como um espaço doméstico, sobre a casa como abrigo poético e protector, Loureiro cria, para si e para a sua família, nas suas próprias palavras, espaços de um confortável intimismo. A partir desta casa – amorosamente habitada – fundamentará a Arquitectura como uma topofilia, uma elaboração de espaços felizes, procurando propiciar aos seus utentes um conforto não apenas técnico, mas sobretudo psicológico e espiritual, consolidando a sua Arquitectura como estando sempre ao serviço da pessoa humana.

Assim escreve: “Vivo na convicção, ainda hoje muito presente, de que a Arquitectura se deve fazer para as pessoas comuns, para seres humanos nas suas horas de alegria ou de sofrimento, para o seu conforto físico mas igualmente para emoção dada pelos espaços, pela luz, pela cor, pela textura dos materiais.” [14]

E nesta casa própria, que será a casa de uma vida, a casa da sua vida, propõe já a moderna ideia da casa evolutiva, a casa como uma concha, sabendo que “a casa que cresce na medida exata do seu hóspede é uma maravilha do Universo.” [15]

Esta Casa “de sonos e silêncios tão longos e de alegrias ruidosas e pães cheirosos”, esta “casa onde se dorme para se renascer”, esta “casa onde a pobreza resplende de fartura e onde a liberdade ri segura”, [16], a Casa concebida como um espaço habitado, um espaço vivido por pessoas concretas, estender-se-á por todas as suas obras e obviamente pelas casas posteriormente realizadas, algumas na vizinhança da casa primeira. [17]

Destas “casas que são um poema para dar a um amigo” [18] destaca-se a Casa Júlio Resende de 1962, que nas palavras do próprio arquitecto “…quisemos que (…) brotasse do solo como se nascida no meio das árvores, acompanhando com naturalidade o declive do terreno. Construída no material telúrico por excelência que é a pedra aparente, desenvolve-se em espaços dinâmicos a que a luz, a madeira e o tijolo aparente conferem intimismo e uma grande doçura.” [19]

A outra obra destacada é o Alpendre da Capelinha das Aparições, um dos contributos de J. Carlos Loureiro, para a renovação da arquitectura religiosa, inserida numa sua mais vasta intervenção no Santuário de Fátima.[20] Ao projectar um conjunto de edifícios, o Centro Pastoral Paulo VI, a Casa de Nossa Senhora do Carmo e a Casa de Nossa Senhora das Dores, que com a Basílica de N. Sr.ª do Rosário definem uma cruz no enorme terreiro, impunha-se tornar a Capelinha das Aparições o principal elemento e o centro para onde convergem todas as atenções, já que é a razão de ser de todo o recinto do Santuário de Fátima.

A intervenção de J. Carlos Loureiro, na valorização da Capelinha, foi provavelmente um dos desafios mais complexos e mais difíceis que teve de enfrentar, já que toca as mais sagradas e mais sensíveis convicções dos inúmeros peregrinos que para aí se deslocam. Para, além desta difícil condicionante era necessário substituir o velho alpendre que abrigava os peregrinos e protegia a Capelinha, de modo a torna-lo “confortável dentro dos limites de uma construção semi-aberta, ter boas condições acústicas, boa visibilidade durante os actos litúrgicos e ser um objecto de evidente e assumida modernidade.” [21]

Para responder a estas condicionantes, José Carlos Loureiro projectou um moderno abrigo, inspirado na ideia de um pálio processional, cuja planta é um simbólico quadrado com 30 metros de lado e cuja cobertura com uma estrutura metálica é forrada no interior por um tecto em madeira de pinho. Ao centro da cobertura, uma abertura superior de forma quadrada ilumina zenitalmente o altar já que “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes”, (Tiago 1.17). Junto ao altar está colocada a imagem de Nossa Senhora, num pedestal que pela sua posição e pela sua forma evoca a Azinheira das Aparições.

A cobertura apoia-se em quatro pilares alongados, orientados nas diagonais segundo os pontos cardeais, e que apontam para os quatro caminhos do mundo, para onde e de onde partem os peregrinos que o santuário acolhe. O espaço do alpendre é limitado em três lados por discretos envidraçados, que permitem quando corridos proteger a capelinha e os peregrinos em dias mais frios ou mais chuvosos. Criando um pano de fundo no lado poente, onde se situam os equipamentos anexos, um pequeno jardim de arbustos envolve a simbólica Azinheira Grande, a única que resistiu desde o tempo das aparições e hoje classificada de interesse público.

A moderna e discreta arquitectura do alpendre, “a esbelteza duma estrutura construtiva e espacial cuidadosa e muito rigorosamente desenhada” [22], para além da sua funcionalidade e do seu simbolismo, realça o sítio das Aparições como o lugar original e mais sagrado, o verdadeiro coração do Santuário. [23]

Para além destas duas obras, lancemos um olhar, sobre algumas das suas intervenções numa breve viagem pela sua extensa obra, que para além das moradias e dos edifícios religiosos, se diversifica por edifícios residenciais e de escritórios, urbanizações, torres, edifícios industriais, unidades hoteleiras, edifícios universitários, equipamentos culturais, recuperações de edifícios e espaços públicos, sempre acompanhando ou introduzindo e algumas vezes mesmo antecipando, conformações modernas e contemporâneas, e sempre com uma sábia e segura utilização dos materiais e das tecnologias construtivas.

Ainda no início da sua actividade de arquitecto, J. C. Loureiro é convidado a projectar, o Pavilhão dos Desportos (Rosa Mota), tendo como pretexto o Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins de 1952, o primeiro grande pavilhão desportivo construído em Portugal. [24]

Foi nesta época que se projectaram e edificaram muitas das barragens, pontes e estádios de futebol, obras que fizeram naturalmente surgir apetrechados gabinetes para os projectos e os cálculos do betão armado. O Pavilhão, implicando a demolição do edifício do Palácio de Cristal, [25] e projectado com a qualificada colaboração dos engenheiros António Soares e Jorge Delgado, inova na exploração das potencialidades do betão armado e dos seus valores plásticos, criando uma estrutura facilmente compreensível nas suas linhas de tensão construtiva enfatizando, pela sua forma simples, a importância da cobertura. [26]

Sendo na época considerado como uma obra emblemática da modernidade do Porto e do País, não é de desprezar a decisiva influência que teve em largas camadas da população, na habituação à “estética” do betão aparente e mesmo à leitura fácil da sua estrutura.

Embora não tenha participado no Inquérito à Arquitectura Popular, ao projectar a Pousada de S. Bartolomeu em Bragança, uma obra integrada num conjunto de equipamentos hoteleiros de iniciativa do Estado com que este procurava desenvolver o turismo no interior do país, J. Carlos Loureiro antecipa e reforça muitas das conclusões daquele documento tão importante para a arquitectura portuguesa.

A Pousada evidencia a importância que o lugar tem para a conformação e o enraizamento da obra, bem como a sua adaptação ao terreno e à sua forma; aplica materiais locais, pedra e madeira, numa simbiose com materiais e tecnologias modernas; afirma o sentido de sobriedade e de equilíbrio utilitário, de uma empírica economia de meios materiais e técnicos que, fruto do seu uso ao longo de gerações em “ lições aprendidas arduamente através dos tempos” [27] impõe que as inovações devem resultar de fortes e fundamentadas razões sempre controladas e testadas; e finalmente que os espaços criados, para além da sua funcionalidade devem ter um conforto radicado mais em razões psicológicas e culturais do que em quaisquer virtuosismos tecnológicos.

Ao projectar a Pousada de Bragança, onde na expressão arquitectónica e segundo o próprio autor, foi necessário contrariar os “preconceitos e os estereótipos impostos pelo regime”, o edifício implantado numa acentuada vertente, valoriza a relação com a paisagem e sobretudo com a cidade histórica, abrindo-se “nos seus espaços mais importantes à esplendorosa paisagem do Castelo e sua envolvente.” [28]

Também ao projectar a Central Térmica da Tapada do Outeiro, J. Carlos Loureiro inova na concepção da arquitectura industrial, num período em que poucos e raros arquitectos se preocupavam e valorizavam este tipo de edifícios. Questionando-se sobre o modo de humanizar esses edifícios industriais: “ porque se não havia de tornar a fábrica mais humana, porque não poderiam os homens que aí trabalham sentir que não são apenas peças da grande máquina?” [29] procura realizar uma moderna arquitectura industrial que, sem perder a sua função utilitária, se humanize ao serviço dos que aí trabalham.

Assim projecta um edifício debruçado sobre o rio Douro, composto de três corpos em escada, ligados por passadiços metálicos e onde uma legível estrutura de betão se combina com o tijolo aparente. No corpo mais baixo, abre-se um amplo rasgamento onde os brise-soleil orientáveis controlam a luz e o ambiente interior. A poente, e funcionado como marcação da entrada e simultaneamente como acesso aos diversos pisos, ergue-se um grande envidraçado, contrastando com o tijolo aparente, e no interior do qual é visível a escada como elemento funcional e escultórico da composição, antecipando de certo modo as obras de James Stirling criadas noutro contexto. [30]

Essa humanização da arquitectura é ainda enfatizada pela sua integração na paisagem, com o respeito pela arborização existente e novas plantações, podendo o arquitecto afirmar que hoje a Central “lá está rodeada e preenchida, nos espaços intersticiais entre as construções, por densa massa arbórea na continuidade da bela margem do Rio Douro.” [31] Mantendo sempre estas preocupações J. Carlos Loureiro irá ainda projectar outros edifícios directa ou indirectamente ligados à arquitectura industrial. [32]

Na tipologia dos Blocos de Habitação, emerge em primeiro lugar o Edifício Parnaso. [33]

Este edifício, uma das obras mais conhecidas de J. Carlos Loureiro e sobre o qual já muito se escreveu, introduz um conjunto de inovações no programa dos arquitectos da ODAM (Organização dos Arquitectos Modernos), de que J. Carlos Loureiro é fundador. Essa organização essencialmente lutava por uma nova arquitectura e pelos princípios do Movimento Moderno, influenciados pelas obras da prestigiada figura de Le Corbusier. [34]

Saliente-se a implantação, que contrariando a proposta pela Câmara do Porto, insere o Bloco e a Escola num espaço de jardim rebaixado, a utilização nas fachadas do tijolo amarelado e aparente e a bem marcada passerelle suspensa que sinaliza a entrada do edifício. A caixa de escada com um envidraçado vertical, que acentua a relação interior-exterior e a sua funcionalidade, distribui por galerias o acesso aos apartamentos dos diversos pisos. De notar nestas galerias a novidade da utilização de guardas em vidro, hoje tanto difundidas. Mas, a principal inovação é, contrariando os que radicalmente rompiam com a cidade histórica, a procura da integração na envolvente, criando um conjunto de pequenos corpos em espinha que estabelecem a ligação às construções existentes na Rua Oliveira Monteiro, com uma “mudança de escala [realizada] de uma forma dinâmica e rigorosa, graças às formas geométricas do gaveto.” [35]

A partir de então esta exigência de articulação com as existências ambientais, traduzidas inicialmente por esta relação com os edifícios adjacentes irá, alargar-se como conceito, até se tornar uma problemática fundamental da cultura arquitectónica e das preocupações projectuais dos arquitectos do Porto, abrindo o caminho para posteriores experiências e operações de contextualização.

A experiência adquirida com o Parnaso permitirá ao arquitecto a realização de outros edifícios residenciais, necessariamente com outros tempos e contextos. [36]

Ainda na área da Habitação Colectiva, J. Carlos Loureiro vai introduzir também um conjunto de inovações na urbanização que projectou para o Campo do Luso e do Lima no final da década de 50. [37] Estas inovações assumem particular importância na cidade do Porto, quando na década de 60, os conteúdos político- sociais do Movimento Moderno e da Carta de Atenas, que correspondiam a símbolos claros de afirmação social, politicamente empenhada e esteticamente avançada, começam a sofrer uma progressiva perda de significado. Apropriados por uma arquitectura consumista e especulativa, assistiu-se à banalização e adulteração dos seus princípios teóricos, funcionais e tecnológicos e, soluções como as baterias de blocos, os acessos em galeria e as coberturas em terraço, o uso do betão aparente e das caixilharias metálicas, e no interior dos edifícios a redução das áreas, a sala-comum e a cozinha-laboratório, tornaram-se de uso corrente, numa banalização a que, no Porto, não é alheia a construção dos Bairros Camarários do Plano de Melhoramentos então lançado.

É neste contexto que se insere o projecto de J. Carlos Loureiro, que na sua implantação, de novo contrariando e criticando a tradicional proposta camarária de edifício-ao-longo-da-rua, cria – aproveitando o espaço intercalar entre o conjunto de dois blocos e duas torres de habitação [38] – uma inovadora e ampla praceta, articulando a solução num, “vasto espaço no qual os moradores dialogassem entre si, com as árvores, com a luz e o sol que elas filtram e onde as crianças possam brincar.” [39]

 

Esta praceta, rebaixada mas aberta para a rua, e onde a nascente se abre uma galeria, foi arborizada conferindo ao conjunto um ambiente de uma “unidade de vizinhança”, aproximando-se de soluções então postas em prática nos países nórdicos.

J. Carlos Loureiro seguindo a experiência adquirida neste projecto, vai realizar mais tarde outros conjuntos residenciais, adaptando-as a outros lugares como no Bairro do Liceu em Aveiro onde sublinha a tradição da construção local utilizando a telha e o tijolo aparente, conferindo “cor, textura e durabilidade aos edifícios dando corpo a uma implantação e a agradáveis espaços exteriores ajardinados, propostos pelo plano de pormenor” [40] e a outros tempos como o Conjunto Mota e Galiza no Porto de 1988, onde a implantação dos edifícios cria um jardim aberto para a rua Júlio Dinis e para a praça da Galiza.

A partir da década de 60 e prolongando-se até ao período correspondente ao Marcelismo, e apesar da guerra colonial e da emigração, há um forte movimento de centralização e concentração de capitais e de especulação em Bolsa, dotando os grupos económicos de elevados meios financeiros que irão, em parte, ser utilizados na construção de grandes sedes de bancos e companhias, bem como no aumento da especulação com a habitação de nível elevado e de operações turísticas de forte dimensão.

Criou-se um artificial clima de euforia económica, marcado por triunfalistas e ostentatórios projectos de edifícios de “marca”, onde a expressão arquitectónica devia conformar e publicitar significados de êxito e prestígio económico, clima que terminou com a crise energética mundial e, em Portugal com o 25 de Abril.

Este período foi ainda marcado pelo aparecimento na cidade do Porto dos primeiros edifícios-torre, e J. Carlos Loureiro é solicitado a projectar o Hotel Infante D. Henrique, um edifício de 18 andares, que se ergue num recinto organizado por um conjunto de edifícios de escritórios no arranque da rua do Bolhão. A torre destaca-se nesta tipologia, pela forma cuidadosa como foi projectada e desenhada “modelando plasticamente o edifício, quasi como se fosse uma grande escultura no skyline da cidade, com remate relativamente complexo do seu topo superior, [41] numa solução aparentada com a Torre Price de Frank Lloyd Wright em Oklahoma nos Estados Unidos. [42]

Nesta tipologia de torre J. Carlos Loureiro projecta no Porto o edifício-sede da Companhia de Seguros A Tranquilidade, um edifício que procurava constituir um remate visual das ruas de Júlio Diniz e de D. Manuel II. O edifício de grande visibilidade no perfil da cidade, já que se situava não longe do local onde outrora se erguia a Torre da Marca, ponto de referência para os navios na entrada da barra do Douro, impunha uma solução em que “ a água, o vento, a claridade/de um lado o rio, no alto as nuvens,/situavam na natureza o edifício/crescendo de suas forças simples.” [43] Um edifício em que um corpo mais elevado evitasse “…a dureza de um simples prisma com maior ou menor altura.” [44]

Esta solução, com um remate superior aumentando a volumetria dos últimos pisos, lembra as pesquisas de F. Távora para a torre do Plano da Área Central de Aveiro (não realizada) e o forte impacto que teve nos arquitectos portuenses a Torre Velasca de Milão. [45] Mas, apesar dos esforços do arquitecto, a torre da Tranquilidade, por não se elevar a uma adequada altura, parece não atingir a procurada “complexidade e elegância na volumetria dos seus últimos pisos, flutuando acima das copas do arvoredo.” [46]

Ainda neste período, em que a Banca procurou criar agências e balcões destinados a realizar, um pouco por todo o lado, as suas actividades, J. Carlos Loureiro foi naturalmente encarregado de reabilitar um edifício na Praça do Infante para aí instalar uma agência bancária para o Banco Português de Investimento (BPI). Confrontado com uma intervenção de recuperação de um edifício numa sensível zona da cidade do Porto, e adaptando-o a nova funcionalidade, a discreta solução encontrada procurou “compatibilizar as exigências de funcionamento da agência com as realidades arqueológicas, [e] que os novos elementos arquitectónicos a construir fossem definidores de espaços que, ao invés de prejudicarem, valorizassem um passado tão rico de história e materialmente tão presente.” [47]

Esta reabilitação, realizada nas vésperas do 25 de Abril, pela sua delicadeza, representa um exemplo de recuperação do edificado e a forma que o arquitecto Carlos Loureiro propõe na abordagem de uma intervenção desta natureza, tendo em vista o objectivo muito mais amplo da recuperação e da dinamização do tecido urbano antigo. [48]

 

J. C. Loureiro projecta ainda a agência do Banco Nacional Ultramarino (hoje Caixa Geral de Depósitos), em Braga. Neste projecto não está em causa a reabilitação do interior, mas a criação de um edifício e da sua difícil integração no contexto urbano do Séc. XVIII. Também neste edifício, situado na esquina do pequeno largo de S. Francisco e a rua dos Chãos, apesar da criação de um pequeno jardim, o excessivo volume de construção não permitiu alcançar totalmente o objectivo da integração no ambiente urbano e nas construções envolventes. [49]

Mas um outro aspecto da obra de J. Carlos Loureiro que não tem sido devidamente valorizado é a intervenção ou a criação de espaços públicos.

Este tipo de intervenções, iniciadas em 1972 com o arranjo do Adro da Igreja Matriz de Vimioso, um Monumento Nacional, e continuada com o já referido planeamento do recinto do Santuário de Fátima, terá a sua maior expressão com a criação em Barcelos, de uma praça de raiz, a Praça Francisco Sá Carneiro.

Nesta cidade J. Carlos Loureiro já havia projectado em 1968 o Mercado Municipal onde, conhecendo as experiências de Januário Godinho em Ovar e Fernando Távora em Santa Maria da Feira, insere o mercado nos percursos da cidade, completando o tecido urbano pela criação de um novo percurso pedonal apoiado num edifício de habitação e rematado por um edifício destinado à CGD.

A praça Francisco Sá Carneiro decorre do Plano de Pormenor da Quinta do Aparício que o arquitecto desenhou em 1968. Situada a sul da igreja do Bom Jesus da Cruz e do Jardim das Barrocas, é organizada a partir dos edifícios projectados pelo arquitecto: o Tribunal Judicial, o edifício dos CTT e a Galeria Municipal de Arte, esta instalada num edifício envidraçado assente em pilotis. A praça quadrada amplia o tecido urbano do centro da cidade e abre-se para sul permitindo a vista sobre Barcelinhos na margem sul do Cávado.

Ao arquitecto J. Carlos Loureiro também se devem diversos equipamentos culturais onde se destaca a Escola de Iniciação de Arte Calouste Gulbenkian de Aveiro.

A Escola é constituída por vários corpos que se erguem em torno de um pátio “numa obstinada procura no sentido da intimidade e de abrigo. “ Estes corpos “com cobertura em telha, soco em tijolo, muros e floreiras em betão, asnas de madeira em estruturas aparentes, caixilharias de madeira” são uma “evidente afirmação de que se pode fazer arquitectura limpa e escorreita, com técnicas tradicionais. Queríamos que fosse muito tranquila, íntima e protectora, calorosa na sua relação com as pessoas sobretudo as crianças”. [50]

Entre 1980 e 1991 projecta a Fundação Laura Santos em Moimenta da Serra, Gouveia, e entre 1983 e 2010 o Fórum da Maia e Casa da Cultura, um complexo constituído por um Pólo de serviços, dois auditórios, uma galeria de exposições, e uma biblioteca e arquivo.

Para a Fundação do seu amigo, o saudoso pintor Júlio Resende, projecta em 1994 um pequeno mas bem desenhado espaço cultural, integrado num jardim junto da sua Casa-Atelier, denominado O Lugar do Desenho, que tem entre os seus principais objectivos “manter e divulgar os desenhos do pintor e dar ao desenho o relevo que lhe é atribuído no conjunto das artes plásticas” e “constituir um pólo dinamizador da vida cultural e artística da região e do País, tendo como referência a figura de Júlio Resende.” [51]

Na projectação da denominada Habitação Social, J. Carlos Loureiro, com uma atenta leitura das experiências do SAAL, procura ultrapassar a tradicional e criticada forma dos Bairros Camarários. O Bairro, onde se acede às habitações por percursos pedonais, utiliza apenas duas tipologias. Edifícios de 2 pisos organizados em bandas paralelas e edifícios de 4 pisos organizados em torno de um grande pátio central, e em todo o conjunto as “coberturas em telha aju­dam à aproximação a uma imagem da cidade tradicional” e as paredes e muros “de tijolo prensado aparente cor de areia” dão aos edifícios “um elevado nível de durabilidade e bom aspecto perdurável no tempo, em oposição ao comum dos bairros sociais, cuja degradação frequente contribui para a segregação já marcada por outros factores.” [52]

No campo da Habitação Social destaque-se ainda o Bairro de S. Pedro da Cova em Gondomar que J. Carlos Loureiro projectou em 1996.

Nas últimas décadas do século passado e no início do novo milénio, quando a informática alterou radicalmente os métodos de projectar, – “… o que tem mudado/Eu falo aqui, sem temor,/Não é o som, nem a cor/Da arte de antigamente./É a ferramenta, Doutor/O tal do computador/Que faz as coisas pra gente!..” [53]mais sentido ganha a sólida arquitectura de J. Carlos Loureiro.

Nestas últimas décadas, para além da polémica ampliação e remodelação do Hospital de Geral Santo António, que no entanto permitiu a manutenção de uma unidade hospitalar no centro da cidade do Porto, J. Carlos Loureiro dedicou-se quase totalmente a projectar edifícios universitários.

Num período de grande desenvolvimento do ensino superior, com a criação de novas Universidades (públicas e privadas) J. Carlos Loureiro, iniciou a projectação de um conjunto de instalações universitárias, procurando sempre ser fiel ao seu entendimento de que a arquitectura deve em primeiro lugar servir os que a utilizam, criando espaços funcionais mas que “ofereçam aos Professore e Estudantes… locais onde sabe bem estar, trabalhar, conviver…”, procurando adaptar os edifícios, não só às características do ensino em que cada um deles é ministrado, mas criando formas que permitam uma contínua adaptação às rápidas transformações em que esse ensino vai evoluindo. Assim, após ter projectado entre 1980 e 2002 a Escola Superior de Educação de Viana de Castelo, projectou para a Universidade do Porto em 1987 as novas instalações da Faculdade de Ciências, e no ano seguinte o Instituto Agrário de Vairão em Vila do Conde.Para Universidade de Aveiro, inserida no Plano da Universidade, projecta também em 1987 a Faculdade de Ciências Biológicas.

 

 

Na Universidade do Minho projecta o Centro Integrado de Formação de Professores, uma recuperação e ampliação do Convento de S. Francisco, em 1984 e o Complexo Pedagógico II de Gualtar de Braga em 1991. Para a Universidade da Beira Interior projecta em 1994 a Faculdade de Engenharia, e entre 200 e 2008 a Faculdade de Medicina (1º Prémio no Concurso) e a Unidade de Psiquiatria do Hospital da Covilhã.

Entre 1995 e 2011 projecta ainda o Instituto Superior da Maia (ISMAI) com o grandioso vestíbulo “que uma luz misteriosa torna ainda mais emocionante.” [54]

E para concluir esta pequena viagem pela obra que nos convida e que o Arquitecto nos propõe devemos, como reconhecimento, lembrar os versos de Cavafy:

“…Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.

……………………………………………………………
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
Terás compreendido o sentido de Ítaca.”
[55]

Por Ricardo Figueiredo, Janeiro de 2014, publicado in do Porto e não só


[1] “…Siamo grandissimamente obligati allo Architettore: Ilquale faccia che noi possiamo nella quiete, com tranquillita, allegreza & sanita; nel travagliare, com utilita, & guadagno; & nelluna & nellaltra, senza pericolo, & condignita ritrovarci. Non negheremo adunque che egli non sai da esser lodato & tenuto in pregio,& da esser posto si per la piacevoleza, & per la maravigliosa gratia delle opere; si per la necessita, & per gli aiuti, & fortreza delle cose travate da lui; si per il frutto della futura etate, infra i primi huomini che habbino meritato quale si siano premii & honori…” Leon Battista Alberti (1404-1472), De Re AEdificatoria primeira edição Firenza 1485, tradução para italiano in L’Architettura di Leonbatista Alberti, tradotta in lingua Fiorentina da Cosimo Bartoli Gentil’huomo & Accademico Fiorentino In Firenza M.D.L. Apresso Lorenzo Torrentino Impressor Ducale.

[2] Entrevista a Sérgio C. Andrade no jornal Público a propósito da doação do seu espólio ao Instituto Marques da Silva.

[3] Vinicius de Morais, poema A Cidade Antiga, 2004.

[4]Al dinero, al éxito, al exceso de propiedad o ganancias, a la ligereza, a la prisa, a la falta de vida espiritual o de conciencia hay que enfrentar: la dedicación, el oficio, la buena voluntad, el tiempo, el pan de cada día y, sobre todo, el amor, que es aceptación y entrega, no posesión y dominio. A esto hay que aferrarse.” José Antonio Coderch (1913-1984), No son genios lo que necesitamos ahora. Domus Nov. 1961.

[5] José Carlos Loureiro, O Azulejo – Possibilidades da sua reintegração na arquitectura portuguesa, Imprensa Portuguesa, Porto 1962.

[6] J. Carlos Loureiro, Casa do Arquitecto in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S. A . – Casal de Cambra, 2012. Uma publicação, em que são apresentadas as obras de J. C. Loureiro, comentadas em pequenos textos do próprio arquitecto, dando-lhe um caracter de J. C. Loureiro par lui-même.

[7] “Ó materiais! Belas pedras!…Ó tão ligeiros que nos tornamos!” Paul Valéry – Eupalinos ou l’Architecte 1921.

[8] Recordo, quando seu aluno, a criação de um Museu dos Materiais e da Construção e o ensino eminentemente prático com visitas a obras, a estaleiros de obra e a fábricas de materiais de construção.

[9] Fernando Távora, “O Porto e a Arquitectura Moderna”, revista Panorama, n.º 4, 1952.

[10] Entrevista a Sérgio C. Andrade no jornal Público a propósito da doação do seu espólio ao Instituto Marques da Silva.

[11] Na avenida Club dos Caçadores, Valbom, Gondomar, de 1949/50 e ampliada entre 1959/70.

[12] J. Carlos Loureiro, planeamento e projecto de Edifícios do Santuário de Fátima, 1978 a 2011.

[13] “…la maison est notre coin du monde.” Gaston Bachelard, La poétique de l’espace. Paris : Les Presses Universitaires de France, 3e édition, 1961, 215 pp. Première édition, 1957. Collection : Bibliothèque de Philosophie Contemporaine.

[14] J. Carlos Loureiro, A Casa do Pintor Júlio Resende in Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S.A. Casal de Cambra, 2012.

[15]la maison qui grandit à la mesure de son hôte est une merveille de l’Univers” Gaston Bachelard, La poétique de l’espace. Paris : Les Presses Universitaires de France, 3e édition, 1961, 215 pp. Première édition, 1957. Collection : Bibliothèque de Philosophie Contemporaine.

[16] António Ramos Rosa (1924-2013) Voz Inicial, colecção Círculo de Poesia , Livraria Morais Editora, Lisboa 1960

[17] Entre muitas outras que não referimos, a moradia na Estrada exterior da Circunvalação, de 1960, as moradias dos Professor Novais Barbosa e do Engenheiro Costa Pinto na Av. da Boavista no Porto de 1977, a moradia Maria Teresa Loureiro, em Valbom 1979, a moradia em Fão Esposende 1981, a moradia em Gulpilhares, V. N. de Gaia, a moradia na Av. Club dos Caçadores Valbom, Gondomar 1985, até à Casa na rua de Sobre-o-Douro de 2008/11.

[18] Eugénio de Andrade, poema Relação de casas Boas e Más para Juízo do Arquitecto Carlos Loureiro, escrito em S. Lázaro, e datado de 18.12.91, in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[19] Carlos Loureiro, A Casa do Pintor Júlio Resende in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[20] 1º Prémio no Concurso para o Planeamento e Projecto de Edifícios do Santuário de Fátima, 1978 a 2011.

[21] J. Carlos Loureiro, Santuário de Fátima in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S.A.- Casal de Cambra, 2012.

[22] Manuel Correia Fernandes, texto de apresentação in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[23] A recente edificação da grandiosa nova Basílica da Santíssima Trindade, apenas veio reforçar essa simbólica centralidade da Capelinha das Aparições.

[24] Cf. Anni Günther Nonell, Palácio de Cristal, in Guia de arquitectura moderna, SRNOA e Porto, Capital Europeia da Cultura, Livraria Civilização Editora, Porto 2001.

[25] A demolição do Palácio de Cristal gerou uma polémica, que se reacendeu com o recente projecto de J. Carlos Loureiro para a remodelação do Pavilhão e a criação de um Palácio de Congressos. Veja-se o artigo O Triste Fim do Palácio de Cristal do Engenheiro Almeida e Sousa no Tripeiro n.º 12 7.ª série de Dezembro de 2001.

[26] De entre as obras que na época procuravam explorar as possibilidades do betão armado na cobertura de grandes vãos, destacam-se os Mercados de Matosinhos (1938/42) e do Bom Sucesso no Porto (1949/52) da ARS, e o Pavilhão da FIL (Feira Internacional de Lisboa) de Keil do Amaral, construído entre 1956 e 57 em Lisboa.

[27] José Carlos Loureiro, O Azulejo – Possibilidades da sua reintegração na arquitectura portuguesa, Imprensa Portuguesa, Porto 1962.

[28] J. Carlos Loureiro, A Pousada de S. Bartolomeu em Bragança, in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S.A.- Casal de Cambra, 2012.

[29] J. Carlos Loureiro, Central Térmica da Tapada do Outeiro in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[30] O contraste entre os grandes panos de vidro e o tijolo aparente irá ser utlizado pelo arquitecto britânico James Stirling (1926-1992) na Faculdade de História da Universidade de Cambridge e no Queen’s College da Universidade de Oxford.

[31] J. Carlos Loureiro, Central Térmica da Tapada do Outeiro in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[32] J. Carlos Loureiro projectou, entre outros, os Escritórios, Oficinas e Cantina da Central Térmica do Carregado em V. Franca de Xira 1964, a Fábrica de Panificação em Vila Cova, Gondomar 1968, a sede de Oeiras da Nestlé Portugal em 1988 e a Calbete em Arcozelo, Vila Nova de Gaia em 1991.

[33] Bloco Residencial e Comercial com a inclusão da Escola de Música Parnaso, 1955. Com uma expressão arquitectónica semelhante o Edifício Martha O. Sequeira (actual Casa-Museu D. Martha) r. N. S. de Fátima 1956.

[34] Cf. Cassiano Barbosa, ODAM, Porto 1947/52, Porto, ed. ASA 1972.

[35] J. Carlos Loureiro, Bloco Residencial e Comercial…Parnaso in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[36] Sem ser exaustivo, o Edifício na Avenida Brasil, 1963, o Edifício na rua do Molhe 1966 e o Edifício Martins dos Santos na rua do Gondarém 1967, todos na Foz do Douro Porto, o Edifício na rua Azenha de Cima na Sr.ª da Hora, Matosinhos 1970, o Edifício Dr. P. Liberal rua Dr. Manuel Laranjeira Porto, e o Edifício Edifer na rua Cónego F. Pinto no Porto 1980.

[37] Conjunto Habitacional do Luso-Lima. Porto 1962. A poente a urbanização do Lima 5 ficou incompleta, não permitindo a concretização do plano. cf. Manuel Correia Fernandes, Campo do Luso in Guia de arquitectura moderna, OA – SRN e Porto, Capital Europeia da Cultura, Livraria Civilização Editora, Porto 2001.

[38] Com uma experimental recuperação do uso do azulejo como revestimento exterior dos edifícios, no seguimento dos estudos então efectuados pelo arquitecto, para a sua já referida Dissertação no Concurso para professor da ESBAP.

[39] J. Carlos Loureiro, Conjunto Habitacional do Luso-Lima in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[40] J. Carlos Loureiro, Edifício de Habitação Colectiva, Aveiro in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012

[41] J. Carlos Loureiro, Hotel Infante D. Henrique, in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[42] J. Carlos Loureiro projectou 16 anos mais tarde uma outra grande unidade hoteleira o Hotel Solverde na Granja, Vila Nova de Gaia.

[43] João Cabral de Melo Neto (1920-1999), O Engenheiro, in Sevilha Andando Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro 1989

[44] J. Carlos Loureiro, Edifício Tranquilidade, in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[45] Projectada e construída entre 1950 e 1957, pelo BBPR, constituído pelos arquitectos Gian Luigi Banfi (1910-1945), Lodovico Barbiano di Belgioso (1909-2004), Enrico Peressuti (1908-1976) e Ernesto Nathan Rogers (1909-1969).

[46] J. Carlos Loureiro, Edifício Tranquilidade, in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[47] J. Carlos Loureiro, Agência BPI praça do Infante Porto in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[48] Com a recuperação da Casa do Infante para a ampliação do Arquivo Histórico Municipal do Porto, tornou-se evidente a existência de todo um conjunto de edifícios, de que o edifício a recuperar para agência bancária fazia parte, de um conjunto que constituía, nos tempos medievais, os Reais Armazéns e Alfândega.

[49] Para a Banca e para as Seguradoras, J. Carlos Loureiro projectará ainda os edifícios UAP (AXA) na rua de Santa Catarina Porto (1971) e na rua Alves da Veiga (1982) no Porto, a recuperação e ampliação da Agência BNU de Viana de Castelo (1977), Banco Nacional Ultramarino em Felgueiras 1980, a Agência BESCL avenida dos Aliados Porto (1983) e a Agência BPSM de Valpaços (1984/85).

[50] J. Carlos Loureiro, Escola de Iniciação de Arte Calouste Gulbenkian, in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[51] Dos Estatutos da Fundação O Lugar do Desenho. Diário da República 22 /07/94.

[52] J. Carlos Loureiro, Bairro da Pasteleira in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[53] Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva 1909-2002) in Luiz Carlos Lemos, A Voz que (ainda) Canta o Sertão! Editora Canoa, São Paulo 2007.

[54] Manuel Correia Fernandes, texto de apresentação in J. Carlos Loureiro Arquitecto, Caleidoscópio, Edição e Artes Gráficas S.A. – Casal de Cambra, 2012.

[55] Constantino P. Cavafy (Kavafis) (1863-1933), 90 e mais quatro poemas, publicado em 1935, Tradução de Jorge de Sena, 3.ª ed. Porto, Edições Asa, 2003.

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