COMEÇOU a desenhar como se respira, naturalmente e por instinto, e os seus desenhos estão a conquistar o mundo. São homens, mulheres e gatos, muitos gatos, com formas onduladas, parecendo que dançam na nossa direção e sempre com os olhos fechados. «Eu sei desenhar olhos!», avisa Lara Luís, de 25 anos, nascida no Porto e criada na Póvoa de Varzim, a ilustradora que está cada vez mais por todo o lado. E porque prescindiu dos olhos, que dizem tudo? «As pessoas não ficam tão bem de olhos abertos. De olhos fechados, é como se fossem apanhadas desprevenidas, numa fotografia ou a saborear alguma coisa, o movimento fica mais natural», explicou. Ela própria, com seu cabelo comprido e franja abundante, é personagem dos seus desenhos – e ficam os seus fãs a saber que tem olhos escuros, quase pretos, brilhantes, e declara exercer apenas o que manda a sua natureza.

«Desenho desde sempre, desde que me conheço, só não sabia que era ilustração». Soube-o quando estudou design gráfico e agora, a fazer um mestrado em Ilustração, aperfeiçoa a sua linguagem e trabalha, trabalha muito, com as exposições – tem sempre peças na Ó Galeria, na Rua Miguel Bombarda, no Porto – com os retratos personalizados, as edições de postais, as ilustrações para editoras, como a Azul Caramelo, que lançou os seus cadernos na série Fado, que estão agora também disponíveis em agendas.

«Passo o dia a desenhar», conta Lara, que não tem televisão e, a distraí-la da sua mesa branca como uma folha de papel, apenas uma estante cheia de livros e a sua gata Sushi. Conquistou público através da internet e mima-o, com publicações constantes no Facebook, onde dá conta do desenrolar dos trabalhos. Não há mensagens subliminares, apenas simplicidade e humor direto: «Gosto que as pessoas olhem e percebam à primeira o que eu digo; gosto que olhem, entendam e se riam.»

Por Dora Mota e Fotografia de Adelino Meireles/GLOBAL IMAGENS in http://www.jn.pt/revistas/nm/