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Manuel Simões Vilaverde (1939)

Manuel Simões Vilaverde (1939)

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NASCIDO na Póvoa de Varzim, em 1939, Manuel Simões Vilaverde ficou órfão de pai ainda menino e cedo começou a ajudar a mãe com quatro filhos para criar. Foi entre a escola e o trabalho que fez a 4ª classe. “A minha mãe era tecedeira e teve que fazer muito pela vida para assegurar a nossa sobrevivência. Com 10 anos, fui para ajudante de trolha. Os homens pegavam às oito horas, mas eu já tinha que ter a massa pronta. Com uma sachola, misturava areia com cimento e água. As betoneiras vieram muitos anos depois. Das massas passei para o guincho, mas nunca aprendi a arte. Aos 16 anos fui para a empresa Terra Mar, mais tarde Alto Mar, onde se fazia fatos oleados para pescadores, principalmente do bacalhau. Para não entrar água, as calças, o casaco e o chapéu, eram feitos num tecido encascado e as costuras eram pinceladas com uma massa que se secava com um maçarico”.

Na escola primária Manuel passou a ser Neca paras os colegas. Até que, aos 18 anos, passou a ser o Neca Roupeiro, no Varzim aos 18 anos: “vou morrer com esse nome com muito orgulho. Os directores pediram ao meu patrão para me dispensar. Deram-me duzentos escudos (1.00 euro) por mês e fui morar com a minha mãe e irmãos para uma casa onde é hoje o campo de treinos do Varzim. A minha mãe lavava os equipamentos, à mão. Eu distribuía-os pelos jogadores e fazia as marcações do pelado. O Estádio ficava no meio dos campos e tínhamos por vizinhos os ciganos que acampavam por ali. Antes do terreno virar campo de treinos a minha mãe plantava batatas e hortaliças para criar o porco e as galinhas. O terreno era vedado por umas tábuas que os ciganos iam tirando para fazer uma fogueira e cozinhar. Nunca nos faltou nada e até tomavam conta da casa e dos animais quando a minha mãe saía. Sete anos depois mandaram a casa abaixo para fazer o campo de treinos e fomos morar para a Rua Latino Coelho, ao lado da loja Fim do Mundo. Mais tarde a minha mãe tomou conta dessa loja”. E recorda: “quando chovia metia a roupa num carrinho de mão e levava para a padaria Pão Póvoa. Punha umas tabuas por cima dos fornos de cozer o pão e, com cuidado para não queimar, colocava a roupa e as toalhas a secar. Os jogadores nunca ficaram sem treinar por falta de equipamentos, mas diziam que as toalhas cheiravam a pão. Eu só pedia para não as comerem. Anos depois, passei a levar para as máquinas de secar do Hotel Vermar, até que o Varzim adquiriu máquinas de lavar e secar”.

Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA

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