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Meia dúzia de perguntas a Olga Noronha

Meia dúzia de perguntas a Olga Noronha

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GOSTA muitíssimo do que faz e isso vê-se à distância ou, então, de perto, nos seus olhos inquietos com sede de mundo. E o mais encantador é que, apesar dos seus 20 anos, o mundo nas suas mãos é mesmo uma jóia. Começou com missangas e alicates, agora trabalha com safiras, rubis e diamantes. Até com ramos de oliveira…tudo o que o seu “engenho e arte” lhe pede.

Deixo-vos com Olga Noronha, uma menina, senhora de uma imensa criatividade. Inaugura hoje, dia 23 de Julho, em Santa Maria da Feira, na galeria Ao Quadrado, uma exposição que merece mais do que um olhar. Corpos estranhos/Foreign bodies pode ser apreciada até 14 de Agosto. A não perder, claro está.

Que peças podemos ver nesta exposição e quais os materiais usados?
São apresentados 23 + 3 anéis. Ou seja, não são um “todo” de 26 peças. É algo mais.

Quanto a materiais, adianto já que podem ser apreciadas peças que levam diamantes e ramos de oliveira. Podemos esperar tudo desta exposição [risos].
Sobre esta iniciativa, Fernando Norton de Matos, escreveu: “23 «Corpos estranhos» mais 3, sempre o carismático 3 (…), reclamam-se para anéis formados nos dedos da autora, elaborados na textura da sua pele, impostos e aceites «numa clara contradição, onde tudo se encaixa e nada se completa». Aí está Olga Noronha, enfim, a braços com uma ideia que sempre quis explorar, fazendo interagir a jóia com o corpo, ou seja, exaltando o conceito da jóia enquanto escultura. 23 em grande escala, de base prata, mais os inevitáveis 3, vedetas da mostra, com a dimensão do seu dedo mindinho, em pequena escala, apesar do maior destaque, e de ouro com incrustações de diamante, rubi e safira. «No meio da multidão ganha a discrição».

Como descobriste que serias designer de jóias?

Para ser franca não sei. Não há história de joalheiros nem nada que se pareça, na família. Talvez tudo tenha começado aos seis, sete anos, com as missangas. Como quase todas as meninas dessa idade, gostava dessa brincadeira e, um dia, um vizinho ofereceu-me uma caixa de madeira com diversos compartimentos e alicates. Comecei por pedir à minha mãe que comprasse arames e, assim, comecei a manipulá-los, juntamente com pedras e outros materiais, construindo as minhas primeiras “jóias”. Algumas delas estão publicadas no livro 1.000 Jewelry Inspirations, Sandra Salamony, Lark Books, USA, 2008.
Depois, em 2001, comecei a frequentar a escola de joalharia contemporânea Engenho & Arte. Entre 2004 e 2007 completei os meus estudos secundários na escola secundária artística Soares dos Reis e, em Setembro de 2007, mudei-me para o Reino Unido, começando por fazer um Foundation course in Art and Design, na Central Saint Martins College of Art and Design. Agora frequento o terceiro e último ano de licenciatura em Design de Joalharia, na mesma faculdade.

Como concebes uma jóia?

Com ideias permanentes, um moleskine e uma caneta preta 0.35mm, sempre na carteira e com um gravador de voz, na mesinha de cabeceira (para as ideias “notívagas”). Depois, passo à materialização do design/ideia, na minha oficina.

O que é que te inspira?

Considero-me adaptável e facilmente “inspirável” por tudo o que me rodeia. Mas há uma coisa que não dispenso aquando da idealização de uma peça: a obrigatoriedade de uma interacção activa e passiva. Por interacção passiva refiro-me à capacidade da peça veicular algo mais que a simples ideia de acessório/adereço; a jóia como escultura que tanto vive em contacto directo com corpo do utente, como também é apreciada e sentida de um ponto de vista “exterior”.

E influências, de onde as recebes?

Em teorias filosóficas relacionadas com a atitude humana perante a sua “aura” , intimismo e metáfora e um pouco de simbolismo teológico, culminando numa união de provocantes contrastes .

E a vida?

Vai bem muito obrigada! [risos] Estou a um ano de terminar a minha licenciatura, ansiosa por o que ainda está para vir e com grandes projectos para o futuro. Antes de mais, quero terminar o BA, depois avançar, imediatamente, para um mestrado e doutoramento. No fundo, tentar chegar o mais alto possível em diferenciações curriculares. Ambição não me falta e sou cem por cento apologista do “lutar para vencer” porque, afinal, “quem corre por gosto não cansa”.

in http://havidaemmarta.blogspot.com/

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