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Pedro Guedes de Oliveira, 70 anos

Pedro Guedes de Oliveira, 70 anos

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LICENCIADO em Engenharia Eletrotécnica pela FEUP (1968) e Doutorado e Agregado pela Universidade de Aveiro (UA) após uma passagem pela Holanda (1978-79),Pedro Guedes de Oliveira foi um dos fundadores do Departamento de Eletrónica e Telecomunicações da UA, onde lecionou desde a Revolução de 1974 até 1993. Em 1986 fundou o INESC Aveiro, que dirigiu até à sua saída da UA.

Em 1992 concorreu a uma vaga de Catedrático na FEUP, lugar que assumiu em 1993 até junho de 2015. Com uma atividade de investigação quase sempre ligada ao INESC, esteve ligado à criação do INESC Porto (atual INESC TEC), organismo que presidiu desde a sua fundação, em 1998, até 2005, e onde  tem desenvolvido a sua atividade de investigação nas áreas dos Circuitos Electrónicos, VLSI Analógico, Engenharia Biomédica, Processamento de Sinal e Redes Neuronais.

Assumiu ao longo dos anos diversas funções públicas, como o cargo de membro não executivo do Conselho de Administração da Agência de Inovação (2005 e 2008),  membro da Direção Executiva da Fundação para a Computação Científica Nacional (2008 a 2013) e de membro do Conselho Científico para as Ciências Exatas e da Engenharia da Fundação de Ciência e Tecnologia (2009 a 2012) e teve posições de destaque a nível europeu como a de membro do Conselho de Diretores do European Consortium in Informatics and Mathematics (ERCIM).

A promoção da cultura e a divulgação científica foram outros dos seus pilares de atuação, ocupando, entre outros, o cargo de membro do Conselho de Administração da Porto 2001-Capital Europeia da Cultura e de Presidente da Mesa do Conselho Geral da Culturporto. Em março de 2016 foi-lhe atribuído o título de Professor Emérito da Universidade do Porto. Já em julho deste ano, foi um dos quatro investigadores da U.Porto distinguidos com a Medalha de Mérito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) “pelo seu valioso contributo para o desenvolvimento da ciência em Portugal”.

Sonha viajar até à Argentina e acredita que “o futuro não se prediz, inventa-se”.

Naturalidade? 

Porto.

– Idade?

70 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

A diversidade de áreas de conhecimento.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

O grande conservadorismo institucional.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Deixar que as diferenças (a todos os níveis) se exprimam com grande liberdade. As tentativas de centralização e homogeneização, são mortais.

Como prefere passar os tempos livres?

Ler, ouvir música, passear e ver boas séries televisivas.

Um livro preferido?

Vou dizer, relativamente aos livros, o mesmo que poderia dizer relativamente aos filmes: não é possível escolher um, porque cada grande livro (ou filme) toca de maneira diferente e, ainda por cima, porque a impressão que deixa tem a ver com o momento e a época da vida em que se lê (ou vê). Mas, quanto a romances, entre muitos outros possíveis escolheria O Vermelho e o Negro do Stendhal (1830) ou A Montanha Mágica do Thomas Mann (1924) ou, dos recentes, A Liberdade, do Jonathan Franzen (2010); e biografias (um género de que gosto especialmente) a de Darwin (Adrian Desmond e James R Moore, 1992) e a de Robert Oppenheimer (American Prometheus de Kai Bird e Martin J. Sherwin, 2006).

Um disco/músico preferido?

Em música ligeira, Brel e, por razões de recordação, Les Amis d’Autrefois de Anne Sylvestre. Em música clássica, Bach (das Paixões), Beethoven (dos Quartetos, dos Concertos para Piano, das Sinfonias) e, depois, tantas coisas de Haendel, Haydn, Schubert ou, claro, Mozart.

Um prato preferido?

Um? Podem ser três? Então cá vai: sardinha assada, uma carne assada em pote de barro, que a minha Mãe fazia, e ostras.

Um filme preferido?

De novo, entre muitos outros possíveis recordo particularmente o Rocco e Seus Irmãos (Luchino Visconti, 1960) e o 1900 (Bernardo Bertolucci, 1976). Curiosamente ambos italianos, um cinema que praticamente desapareceu, em Portugal, e que nos tinha dado, além destes, o Ladrão de Bicicletas (Vittorio De Sica, 1948), vários Rosselini e tantos outros. Hoje sobra-nos praticamente o Nanni Moretti (de quem gosto bastante) e o Roberto Benigni (de quem não gosto nada).

Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Argentina e particularmente, Buenos Aires; ainda a aguardo.

Um objetivo de vida?

Isso, eu acho mesmo que não tenho. Ainda estive para aqui a tentar inventar um, mas não sai nada.

Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Uma frase que, segundo parece, se pode atribuir em primeiro lugar a Dennis Gabor, engenheiro eletrotécnico Húngaro que inventou a Holografia (pelo que recebeu o prémio Nobel da Física em 1971) e que, em 1963, escreveu mais ou menos isto: o futuro não se prediz, inventa-se.

O projeto da sua vida…

Nunca tive um projeto de vida. Fui-a (vou-a) vivendo com projetos novos todos os dias.

O grande objetivo a cumprir através do trabalho a realizar no âmbito da atribuição do título de Emérito?

Ajudar a fazer do Porto um centro de competência em projeto de Microeletrónica.

Por Helena Peixoto publicado in http://noticias.up.pt/

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