ROSA Maria Peixoto Martins nasceu em 1939, na Covilhã, mas vive na Póvoa de Varzim há mais de 40 anos. Depois de concluir o ensino primário num colégio de freiras Doroteias, seu pai, empresário da indústria de Lanifícios, decidiu pelo internamento do casal de filhos no Colégio Nuno Álvares, em Tomar. Concluído o antigo 7º ano, Rosa Maria fez o exame de aptidão na Faculdade de Medicina de Coimbra. Mais tarde transferiu-se para o Porto tendo concluído o curso no Hospital de S. João. “Não havia Liceu na Covilhã e o meu pai queria muito ver-nos formados. Por isso procurou um colégio onde pudéssemos continuar os estudos. Só regressávamos a casa nas férias. A minha mãe não usufruiu, tanto quanto queria, da presença dos filhos. Ficava em lágrimas sempre que nos via partir. No princípio, também me custou muito. Todos os fins-de-semana os meus pais telefonavam para o colégio. Tomar também não tinha liceu e os exames eram feitos em Santarém, para onde íamos numa carrinha e ficávamos hospedadas numa pensão ou hotel”. E acrescenta: “sempre quis ser médica, um orgulho para o meu pai. Devo ter sido das primeiras mulheres a sair da Covilhã e a formar-me em medicina. Depois de concluído o curso na especialidade de Fisiopatologia, os meus pais e o meu irmão resolveram viver comigo no Porto”.
Foi o exercício da medicina que trouxe pela primeira vez Rosa Maria para a Póvoa de Varzim. “Trabalhava de manhã no Hospital de S. João e, por convite do Dr. Simas Santos, comecei a fazer saúde infantil no Centro de Saúde de Barcelos, de tarde. Ao fim da tarde vinha para a Póvoa e fazia os Serviços Médico Sociais, que mais tarde foram extintos. Depois pedi a transferência de Barcelos para a Póvoa, para o Centro de Saúde, e acumulei este trabalho com o Hospital de S. João durante 14 anos. Como a especialidade de Fisiopatologia, muito ligada à cardiologia, à hemodinâmica e à electrocardiografia, só tinha carreira hospitalar, decidi tirar também a especialidade de Pneumologia, que abrangia a Alergologia. Isso permitiu-me aceitar o cargo de chefe de serviço do Centro de Diagnóstico Pneumológico da Póvoa de Varzim e passei a residir em definitivo na cidade”. E recorda: “no início houve dificuldades porque a maior parte dos utentes tinha tuberculose, doença muito conotada com défice económico ou má alimentação. Por isso, as pessoas não gostavam de ser vistas no Dispensário. Como tinha a especialidade e disponibilidade para ajudar, resolvi alargar a todas as valências da Pneumologia: asma, pneumonias, enfisemas e todas as patologias pulmonares”.
Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA