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Torcato Martins Moreira (1936)

Torcato Martins Moreira (1936)

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TORCATO Martins Moreira nasceu em 1936, na Póvoa de Varzim. Concluída a 4ª classe e com 10 anos de idade, foi trabalhar no mar. Até aos 57 anos não conheceu outro ganha-pão. “O meu pai tinha um sardinheiro à vela e a remos (Catraia) e até fazer 14 anos ajudava-o na pesca. Depois tirei a cédula e fui para uma traineira de Matosinhos trabalhar de moço. As traineiras ancoravam ao largo e cabia aos moços transportar a companha do barco para terra, numa chata, à força dos remos. Nos dois ou três meses de defeso, vinha para a Póvoa pescar sardinha na catraia do meu pai. Também andei na catraia de um mestre Caxineiro que tinha dois nomes. Poça da Barca de um lado e Rua da Alegria do outro. Quando o vento faltava era preciso remar. Eu e mais cinco trouxemos a Catraia do mar de Espinho até à Povoa, sempre a remos. Foi uma noite inteira a remar. Quando apareceram as primeiras motoras as companhas iam todas para Matosinhos e as lanchas começaram a não ter tripulantes. Só ficavam os velhos. Por isso, aos poucos, o vento arrancou do mar as últimas velas”.

Na força da juventude Torcato Moreira, já casado e pai de uma filha, decide ir para Moçambique. “Quando o mar não dava peixe dava fome. O Inverno levava os amealhos e comer do fiado não é vida. Embarquei para Lourenço Marques em 1961 e por lá andei no Senhor dos Milagres, durante quatro anos. Era uma traineira de 18 metros com 20 homens a bordo. Andávamos três ou quatro dias no mar. Vínhamos descarregar o peixe, aviávamos o barco outra vez com isca, gelo e comida, e voltávamos para o mar”. E recorda: “era um mar de tempestades. A traineira tinha um motor de 120 cavalos e uma vela para ajudar. Uma vez, o vento partiu os mastros e ondas de meter medo deram tanta pancada que o barco, ao terceiro dia, abriu água. Por sorte veio a bonança e, com as bombas encravadas, foi um corrupio de braços e baldes para sangrar a embarcação. Houve homens que nem saíram do beliche. Pensaram que morríamos todos. Quando entramos na barra, ninguém acreditava que estávamos vivos. Atracamos na doca com centenas de pessoas a aplaudir. Ainda tentei empregar-me em terra, na capitania mas a minha mulher quis que voltasse. O meu falecido sogro tinha uma motora e entregou-ma. Chamava-se Estrela dos Mareantes. A partir daí dediquei-me à pesca da sardinha”.

Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA

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