VITORINO Neves teve, como muitos, de deixar cedo os estudos e ingressar no mercado de trabalho. Queria ter sido um homem das letras, mas acabou empurrado para trás dos computadores de uma empresa, onde exerceu funções de programador e analista de sistemas durante vários anos. A par disso, dedicou a vida ao teatro, arte que abraçou por volta dos 16 anos. Um ano mais tarde tornava-se encenador e mantém-se até hoje nesse cargo, no TAS – Teatro Amador Susanense, associação que ajudou a fundar. Aos 63 anos, reformado, aventurou-se atrás de sonhos que julgava perdidos. Em Outubro lançou o primeiro livro, sob a chancela da Chiado Editora, e já está a escrever o próximo
A vida de Vitorino Neves dava um livro? Uma peça de teatro? Não sabemos. Mas lá que é preenchida é. Assim como são preenchidos os seus dias, divididos pelo Teatro Amador Susanense, onde é encenador e presidente da direcção; pela Associação das Colectividades do Concelho de Valongo, na qual é vice-presidente; pela Associação para o Desenvolvimento de Susão, cujos órgãos integra; pela Paróquia de Valongo, com a qual trabalha assiduamente; e pela empresa onde sempre trabalhou e a que ainda dá algum apoio administrativo.
Nascido em Valongo, em Outubro de 1951, Vitorino Neves viu-se obrigado a largar os estudos quando frequentava o 7.º ano. Aos 14 anos, já trabalha numa empresa de vinhos do Porto. Primeiro no escritório e, depois, foi sendo empurrado para fazer cursos de programação e análise de sistemas. Durante 28 anos foi analista e programador.
Mas a juventude foi também marcada pelo abraçar de uma arte que o persegue: o teatro. Com 16 anos foi “ponto” numa peça de teatro de Alexandre Falcão – homem do teatro natural do concelho e que trabalha regularmente com Filipe La Féria – e, um ano mais tarde, já era encenador. “Nunca mais larguei a arte, ou nunca mais ninguém ma deixou largar”, conta o valonguense. Passou pelo palco algumas vezes, mas sem nunca ganhar raízes. “Era preciso um encenador e alguém que organizasse os espectáculos”, sustenta. E nessas funções se manteve mesmo depois que o grupo de amigos de Susão constituiu, em 1982, o Teatro Amador Susanense, do qual é fundador e ao qual preside há mais de 20 anos.
Uma história de amor “com final surpreendente”
O gosto pelo cinema e pelo teatro estão patentes em muito do que faz. Sendo católico, e colaborando regularmente com a Paróquia de Valongo, organizou, em 2008, um ciclo de cinema designado “Três Olhares sobre Jesus”, em que foram apresentados três filmes e realizada uma conferência que contou com D. Manuel Clemente, como Bispo do Porto; Daniel Serrão, professor catedrático; e Luísa Almendra, professora universitária e colaboradora do programa televisivo Ecclesia, como oradores. Essa ligação à religião foi também o que o levou à escrita.
Em 2011 foi convidado para elaborar um livro sobre as festas da Nossa Senhora da Saúde, que foi editado pela comissão de festas. Experiência que lhe agradou. “Eu devia ser de letras, mas fui empurrado para os computadores”, constata.
Não parou. Escreveu um livro sobre a história da família que ofereceu aos mais próximos e, a partir daí, lançou-se na aventura de escrever o seu primeiro livro. Chamou-lhe “Sonhos Perdidos”. Conta com a chancela da Chiado Editora e foi lançado em Outubro do ano passado, no Auditório António Macedo, em Valongo.
Casado há mais de 40 anos e com uma bonita história de amor, Vitorino Neves não esconde que essa história transparece no livro. “Mas aos personagens principais não corre tão bem como correu a mim”, brinca. “Sonhos Perdidos” conta uma história de amor com final surpreendente, promete o autor. “É um livro em que o amor vence”, afirma.
O vício é tal que o valonguense já começou a escrever um novo romance que deverá ser publicado até ao final do ano.
“Sonhos Perdidos” conta a história de um homem, com cerca de 60 anos, que, numa deslocação de comboio à cidade do Porto, revive lembranças e decisões tomadas no seu passado que acabaram por alterar os seus sonhos e a sua presente. A acção desenrola-se entre as cidades do Porto e Valongo e “leva-nos num fascinante retorno ao passado e aos sonhos que marcaram toda uma geração, numa época de conflitos e de mudança de costumes”, sustenta a editora.
Para o autor, as 158 páginas são sobretudo uma história de amor de leitura simples e acessível. Fã dos romances de Nicholas Sparks, Vitorino Neves acredita que “uma história de amor é sempre bonita”, de contar e de ler.
O livro está à venda na FNAC, na Bertrand e na Wook, sendo que em Valongo pode também ser adquirido na livraria Estudante e na Casa Branco. Custa 14 euros, mas nas livrarias online tem habitualmente desconto, aconselha o autor.
Satisfeito com o sucesso da obra, Vitorino Neves diz, com orgulho, que “Sonhos Perdidos” estava, esta semana, no top 10 de vendas dos livros da Bertrand e da Wook, na categoria de romances da Chiado Editora.
Por Fernanda Pinto publicado in Verdadeiro Olhar
vou ler o livro que ainda não li mas desde já os meus parabéns, pois amigos meus já me fizeram comentários muito positivos.