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A intimidade da chuva por Helen Dunmore

A intimidade da chuva por Helen Dunmore

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Chuva. Um salpico gordo
na tensa e nua pele.
Chuva. Todas as folhas de maio
erguem-se a tremer.

Chuva. O primeiro toque
na nuca.
Gotas afiadas chutam a poeira, aguaceiros
brancos estremecem
como cortinas, enxaguando
penteados justos à inocência.

Adoro a intimidade da chuva.
A forma como faz as coisas acontecer
nas varandas, debaixo dos toldos
ou debaixo das árvores
como se uma porta se abrisse e uma rapariga saísse a correr
para as folhas negras e húmidas.

Junto ao muro de tijolos
uma flor de íris suga a chuva
como um alimento intrincado, a língua
macia, peluda.

Chuva. Todas as folhas de maio
erguem-se a tremer.
Na rua, pingos de lama
cobrem os para-brisas.

in Heaven on hearth: 101 Happy Poems edited by Wendy Cope, 2001, Faber and Faber Limited, página 41, tradução PML

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