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A paz das coisas selvagens

A paz das coisas selvagens

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Quando o desespero pelo mundo cresce em mim
e acordo a meio da noite com o mais pequeno som,
com medo do que possa vir a ser a minha vida e a vida dos meus filhos,
vou e deito-me onde o pato-marreco
repousa na sua beleza na água e a garça-real se alimenta.
Penetro na paz das coisas selvagens
que não sobrecarregam as suas vidas com a premeditação
da tristeza. Entro na água parada.
e sinto por cima de mim as estrelas cegas durante o dia
esperando com a sua luz. Durante algum tempo
descanso na graça do mundo e sou livre.

por Wendell Berry traduzido por Jorge Sousa Braga

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