O JOVEM arquiteto português André Chiote tem desenvolvido um interessante trabalho em ilustração. Em seus desenhos coloridos e minimalistas, André reproduz o seu olhar sobre icônicas construções mundiais. Em sua primeira série completa, totalmente dedicada a museus, o artista busca retratar ângulos menos conhecidos de obras de arquitetos como Oscar Niemeyer, Jean Nouvel e Mario Botta. Confira na entrevista que segue, um pouco mais sobre o trabalho e o processo de produção de André.
Bamboo Como é o processo de criação dos desenhos? Quais técnicas você utiliza?
André Chiote Como gosto de trabalhar em séries temáticas, primeiro tento escolher um tipo de edifício cuja função e quantidade de projetos de arquitetura de qualidade e conhecidos mundialmente me permita iniciar uma série de ilustrações. Assim aconteceu com esta primeira série dedicada a museus. Após definida a temática a abordar, passo a fazer uma investigação sobre quais edifícios que existem de uma forma mais presente na memória coletiva dos arquitetos (e não só), e escolho aqueles cuja imagem tem a capacidade de se tornar facilmente reconhecível. Escolho aqueles que conseguem ser transformados em imagens de forte carga iconográfica. Para desenvolver as imagens utilizo dois programas em complemento: o Illustrator e o Photoshop.
b Você cria a partir de reproduções fotográficas ou de desenhos de observação? Você esteve em todos os locais?
ac Sim, de facto utilizo várias fotografias para desenvolver as ilustrações. O conjunto de imagens que vou recolhendo do meu arquivo pessoal, de livros, revistas e internet permite-me ir percebendo quais as vistas e pormenores que, de uma forma mais generalizada, ilustram determinado edifício e o tornam facilmente reconhecível. Infelizmente, ainda não estive em todos os edifícios que ilustrei. Obviamente, para um arquiteto como eu, ver um edifício através só de imagens é pouco, é preciso vê-lo ao vivo.
b O que você busca enfatizar em cada arquitetura? Você faz algum tipo de pesquisa sobre o que é icônico em cada prédio, ou faz recortes mais subjetivos, dos detalhes que mais te interessam?
ac Há alguns edifícios que aparecem representados nos variadíssimos meios de divulgação em ângulos muito particulares. Muitas das vezes sempre os mesmos. É claro que nesses casos a opção da vista a ilustrar se torna mais fácil porque a nossa memória já foi bombardeada imensas vezes com a mesma imagem e facilmente a relaciona com o edifício representado. Mas nem sempre isso acontece. Na maior parte das vezes, ainda que inconscientemente, recorro à minha formação para escolher os aspetos do edifício que na condição de arquiteto entendo serem mais emblemáticos e fundamentais na composição arquitetónica. Escolho os aspetos mais relevantes e que possam distinguir aquele edifício em particular de qualquer outro. Esse é o segredo para que, mesmo utilizando poucos elementos gráficos, seja possível remeter para um edifício particular inconfundível.
