Aos dez anos acreditava
que a terra pertencia aos adultos.
Podiam fazer amor, fumar, beber à vontade,
ir aonde quisessem.
Acima de tudo, esmagar-nos com o seu poder indomável.
Agora sei devido à muita experiência o lugar-comum:
realmente não há adultos,
apenas crianças envelhecidas.
Querem o que não têm:
o brinquedo do outro
Sentem medo de tudo.
Obedecem sempre a alguém.
Não dispõem da sua existência.
Choram por qualquer coisa.
E não são valentes como o foram aos dez anos:
fazem-no de noite, em silêncio e sozinhos.
tradução de Jorge Sousa Braga