Na velha torre quadrangular
vivia a Virgem dos Devaneios…
tão alvos braços… tão lindos seios…
tão alvos seios por afagar…
A sua vista não ia além
dos quatro muros que a enclausuravam
e ninguém via – ninguém, ninguém –
os meigos olhos que suspiravam.
Entanto fora, se algum zagal,
por noites brancas de lua cheia,
ali passava, vindo do val,
em si dizia: – Que torre feia!
Um dia a Virgem desconhecida
da velha torre quadrangular
morreu inane, desfalecida,
desfalecida de suspirar…
in Estrela da vida inteira [Carnaval], Editora Nova Fronteira, 25.ª edição, 1993, página 96