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O Cisne

O Cisne

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1.
Seria mais autêntico
escrever cisne com S.

Por Francisco Duarte Mangas, in O noitibó, a gralha e outros bichos, Editorial Caminho, Setembro de 2009, página 20.

2.
Este trabalhoso atravessar o por-fazer
dificilmente e como que ligado,
é como o andar incriado do cisne.

E o morrer, o não-abranger-mais
este chão em que dia-a-dia estamos,
é como o seu pousar medroso

na água, que o recebe suavemente
e, como que feliz e já passada,
se retrai sobre ele, onda após onda;
enquanto ele, infinitamente calmo
e seguro, se digna navegar
sempre mais senhor de si, mais régio e impassível.

por Rainer Maria Rilke in Poemas, As elegias de Duino e Sonetos a Orfeu, Oiro do Dia, setembro 1983, página 157, tradução de Paulo Quintela

3.
Este árduo atravessar o por fazer,
de pernas atadas, coxeando ao longo
do caminho, é como o andar natural

do cisne. E o morrer – o não sentir
mais o sólido chão que pisamos
dia dia, é como o seu pousar medroso

nas águas, que o recebem com doçura,
e que felizes e já passadas
se retraem onda após onda,
enquanto ele infinitamente silencioso
e seguro de si, cada vez mais régio
e impassível, se digne navegar.

Por Rainer Maria Rilke, in Animal Animal, Assírio & Alvim, fevereiro 2005, página 62, tradução de Jorge Sousa Braga

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