Aonde iria eu? Quem me esperava
num esquecido três de janeiro?
Seria uma dessas raras tardes
estranhamente felizes, de conversa
com amigos, ou ia a um encontro
a que ninguém mais apareceria?
O que quer que fosse que tenha acontecido,
por certo que não sabia
que, além de ter pago
por essa viagem hoje incerta,
comprava noventa e cinco pesetas
de futura melancolia.
in Poesia Espanhola de Agora, vol. II, tradução de Joaquim Manuel Magalhães, Relógio d’Água, janeiro 1997, página 981