XOÁN Piñón apresenta uma exposição fotográfica no Kiosko Alfonso que percorre trinta e cinco anos do seu trabalho mais pessoal feito entre 1977 e 2012. 137 imagens organizadas em 9 series e três fotografias independentes.
Nado na periferia da cidade corunhesa en 1951, Piñón debateu-se durante anos entre as pulsões da ciência e a arte. Inicialmente estudou e chegou a exercer como doutor mas chegado aos trinta e tantos anos pôde abandoná-lo para dar-lhe saída à sua faceta mais criativa com as canles da fotografia e da música.
Porém vamos centrar-nos na fotografia, na que é autodidacta. Orientou o seu trabalho profissional cara à publicidade, a moda, a reprodução de arte, a foto fixa para filmes produzidos na Galiza, capas de discos… o retrato é uma das facetas da que mais gosta de recriar-se. Montou um dos estúdios fotográficos mais reconhecidos da Galiza e goza dum reconhecimento no entorno coruñés, bem patente na inauguração que teve lugar o passado dia 7, que se pode qualificar de multitudinaria.
Mas não é Piñón um fotógrafo que se tenha prodigalizado em exposições salvo nos primeiros anos. Ultimamente pouco mais que colectivas nas que participou com outros fotógrafos. Assim e tudo os amadores da fotografia conhecerão a maioria das coleções que presenta, até o vindouro 11 de janeiro, no Kiosoco Alfonso da Coruña.
Extratos de coleçães como Cámara Barroca, Dez outonos no Courel, Iluminadas, Espirais (dedicada ao mundo feminino), Poderosa maquinaria, Galicia terra nai, A Horta de Carnati, Avantcraft… um repaso a quase trinta e cinco anos da sua fotografia pessoal, porém não presenta apenas trabalhos dos últimos dez anos; di por falta de tempo ou de espaço, o certo é que ficam as ganas duma nova posta ao dia. As pessoas que desconhecem Xoán Piñón poderão ser surpreendidas pelo seu trabalho minucioso, pela calidez e saturação das atmosferas das suas imagens do outono, as miradas fundas nos seus retratos, a coração extraída das velhas arquitecturas em pedra, o compromisso com a criação contemporânea ou o seu achegamento à abstração nos macros de platô, intensamente iluminados e sacados de dimensão, da Horta de Carnati.
Chama especialmente a atenção uma serie – INMATERIALES (de 1987)- da que apresenta quatro fotografias, positivados originais de época em branco e preto, sobre papel baritado, de um metro por um metro. Foi realizada em colaboração com o pintor Juan Martínez de la Colina. Inquietante coleção que já fora apresentada em o mesmo Kiosko Alfonso numa exposição de “Pintores e fotógrafos” no ano 1987 e no 1988 em a Foto-bienal de Vigo (da que Piñón foi cofundador). A proposta parte do que se deu em chamar nos anos oitenta fotografia dirigida, cenas preparadas e conduzidas pelo artista e que depois fotografava. Ao sair definitivamente do laboratório de revelado e positivado, era o pintor quem intervinha sobre a ampliação. Esta serie trinta e dois anos depois admite novas leituras mui de actualidade sobre adolescência, os problemas da sensualidade e as relações perigosas… por exemplo.
Acheguem-se, não renunciem a contaminar-se com as suas imagens, recuperem o prazer de visitar boas exposições.
Por Xacobe Meléndrez Fassbender