Uma parte do corredor
dourado pelo sol
do inverno, uma quietude
de silêncio e calor
e o gato embrulhado
de sono a um canto:
uma bola de pêlo
macio e quente. Não
se ouve nem uma mosca
nas redondezas.
Longe do mundo
na minha santa cadeira,
com o sono do gato
quase adormeço.
De repente, sem qualquer
razão aparente,
o gato abre os olhos
da cor de limão,
move uma orelha,
levanta-se, boceja
com todo o corpo,
como só os gatos
sabem fazer, vira-se
muito digno, levanta
de forma provocatória
a cauda e se vai,
sem se despedir, até
uma próxima ocasião.
6-III-2011
in Gatos [Antología poética], Edición de Ricardo Álamo, Renacimiento, agosto, 2024, tradução PML