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Greguerías de Alexandre O’Neill

Greguerías de Alexandre O’Neill

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Mandou fazer uma gaiola em forma de pássaro e à medida do bico-de-lacre que lhe tinham prometido, mas ficou por aí.

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Razão de queixa, ração de queixada.

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Pesou a moeda na mão do cego.

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O pedinte estendeu-lhe a luva.

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Olhava-se ao espelho pelo buraco da fechadura.

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Para fazer do filho um homem bem educado, obrigava-o a comer a sopa com colher de chá.

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Ele a esfaquear a mulher e a Volta a passar! «Que fazer?» Largou a faca, correu para a estrada e aplaudiu às mãos ambas os ciclistas, como qualquer outro.

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Um olhar de vaca para as bicicletas.

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«Para correr é preciso ter cabeça!», disse o filósofo da Volta. Disse ainda o filósofo: «É a terceira roda (a pedaleira) que comanda tudo? Não! É a quarta e chama-se cabeça!»

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«Coitadinho! Com este calor!», exclamou a velha quando descobriu um ciclista na sua cama.

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Trocar a bicicleta por comida não é de bom ciclista.

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Passou a vida a encontrar a mesma mosca.

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Solilóquio, só e louco.

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Só e louco, solilóquio.

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O Mar Morto chapinava no Horto de Mármore.

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As coisas amuadas, não são coisas, não são nada.

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«Já não há milagres!», exclamou o paralítico que há mais de dez anos tinha assinatura no santuário. Irritado, atirou com as muletas ao chão e foi-se embora.

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Falava com voz do nó da gravata.

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Bom hábito conspirativo: pôr cifrões nos números de telefone que se assentaram na agenda…

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Era uma velhota bem curiosa! Nunca tomava o metro sem se persignar.

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Tambor ensurdecedor, ensurdecido, dói-nos na pele, não no ouvido.

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Regra para lojistas: Não pôr os cotovelos no balcão.

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No comboio havia um compartimento especial para tímidos, mas estava sempre ocupado.

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Quando o Palhaço Pobre descascou e trincou o polegar como se fosse uma banana, algumas das crianças – por certo as menos imaginativas – fizeram o mesmo, mas logo choramingaram. O delas sabia a tinta de escrever.

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Ela pensava que os gatos eram almofadados por dentro.

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Começava a comer a sopa pelos bordos do prato; depois, desinteressava-se.

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Enquanto os filósofos etiquetam, os relógios tiquetaqueiam.

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Espiava nas montras a figura que não tinha e continuava com a figura que fazia.

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Ainda não habituado à cara que tinha, experimentou, pela enésima vez, puxar o cabelo para a área da barba.

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Não se lavou duas vezes no mesmo rio. Nunca se lavou.

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Os fins justificam os meios se os meios forem bons fins.

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Letreiro encontrado ao lado duma bota rota e abandonada: Não a vendo nem a remendo. Dou-a a quem doer.

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A sua memória tinha passado toda para a sua imaginação.

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Complexo de Andorra ou a mania de que se é independente.

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Ao separar a correspondência, o carteiro encontrou várias cartas dirigidas ao Pai Natal. Como não tinham endereço, ficaram por distribuir. Desejos não endereçados não chegam ao céu!

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Resolveu fazer Natal todo o ano. Quando o trataram por maluco, perguntou-respondeu candidamente: «Então o pinheiro não é uma árvore sempre verde?»

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Encontrou no sapatinho uma guilhotina de brinquedo.

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À porta da loja de brinquedos, o Pai Natal já não podia com frio. Um senhor teve pena dele e pagou-lhe um copo num bar vizinho.

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Proposta (rejeitada) de um vereador amigo da natureza: fazer árvores de Natal nos pinhais (com pinheiros não cortados, evidentemente).

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Todos os lugares deviam ser santos no Natal.

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O mais triste do após Natal: pinheirinhos cortados, às portas das casas, como adereços já emprestáveis.

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Estão à espera de uma graça sobre o Natal e a gasolina, não estão? Então esperem…

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– Que tens tu?
– Nada. É Natal.

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Um escritor deve poder mostrar sempre a língua portuguesa.

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Há mar e mar, há ir e voltar

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Vá de metro, Satanás!

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Ele não merece mas vota no PS

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Parker preenche em silêncio o seu papel

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Bosch é bom

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Com colchões Lusospuma você dá duas que parecem uma

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Tofa: revelando num instante o segredo de um aroma

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A segurança volta sempre

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Gazcidla, o gás da cidade

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Na estalagem X você está como não está em casa

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Sines: assim, sim

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O passado, o presente, o seguro

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Eu sou, tu és, ele é, nós sumus C

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